Quinta-feira, 21 de março de 2024



Enchente do rio Madeira contabiliza prejuízo de R$ 52 milhões na agricultura de Porto Velho

PORTO VELHO – A capital de Rondônia contabiliza um prejuízo de R$ 52 milhões na agricultura devido à cheia histórica do rio Madeira. De acordo com o titular da Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Semagric), Leonel Bertolin, a agricultura, a pecuária e as pequenas agroindústrias nos distritos e pequenas comunidades do médio e baixo Madeira foram completamente danificadas. “Do Ramal Maravilha até Demarcação, vimos a triste situação provocada pela cheia. A perda dos produtores foi de 100%. Lavouras de banana, açaí, mandioca, maracujá, melancia e outros, assim como as atividades pastoris estão perdidas”, afirmou Bertolin.

Foto: Semagric/ComdecomFoto: Semagric/Comdecom

Os secretários municipais, Leonel Bertolin, da Agricultura e Abastecimento (Semagric), e Carlos Guttemberg, de Transportes e Trânsito (Semtran), junto a uma equipe de técnicos visitaram as comunidades das regiões do médio e do baixo Madeira. A visita, ocorrida no fim de semana, possibilitou auxílios diretos aos desabrigados e um levantamento sobre as condições gerais da região em relação à quantidade de danos provocados pelas chuvas e pela cheia do rio Madeira. Além das perdas materiais, como mobília e casas, constatou-se que os moradores foram prejudicados pela perda substancial da produção rural e das estradas vicinais da região, que praticamente desapareceram.

Dados preliminares realizados pelas Secretarias levaram em conta as culturas de cada área e a produção perdida, multiplicada pelo preço médio do produtor. “Na agricultura, percebemos um prejuízo de R$ 52 milhões. Para a pecuária, registramos R$ 1,3 milhão de perdas. A indústria, por causa da perspectiva da redução do volume de vendas, ainda que muitos setores permaneçam funcionando, a sua relação com o consumo de combustível permitiu estabelecer um valor de perdas para três meses de cheia do rio, que seria na ordem de R$ 273 milhões. Esse dado foi fornecido pela Sefin, com o calculo do ICMS sobre o combustível utilizado”, esclareceu Bertolin.

A Prefeitura deverá fazer um levantamento detalhado da situação para catalogar a série de prejuízos após o recuo das águas, mas o secretário municipal de Planejamento (Sempla), Jorge Elarrat, informou que um cálculo parcial foi esboçado no dia último dia 17. Segundo Elarrat, a quantidade de danos materiais e outros tipos de prejuízos em todo o município são muito significativos e podem se tornar ainda maiores se o rio continuar a subir ou demorar a descer. “No dia 17 de fevereiro, quando fizemos um estudo prévio sobre os dados e contabilizamos algumas perdas da agricultura e da pecuária, a fim de que pudéssemos ter uma quantificação dos prejuízos, a cota do rio estava abaixo dos dezoito metros, mas agora ela passou dessa cota e é muito provável que o prejuízo seja muito mais volumoso.

Recuperação

Para o soerguimento das atividades agrícolas do município há grande necessidade do apoio do Governo Federal e do Governo do Estado. “Em termos de recuperação, à medida que um desastre acontece, existe um protocolo que deve ser seguido para oficializar a situação de emergência ou estado de calamidade pública. A situação de emergência já foi decretada e aceita pelo Governo Federal, mas, neste momento, parece-nos razoável a decretação de estado de calamidade pública. O reconhecimento dessas condições é que possibilitam um comprometimento do Governo Federal no apoio às iniciativas de reconstrução do município e na retomada de seu crescimento”, enfatizou Elarrat.

Segundo Bertolin, a economia do município deverá sentir os efeitos das perdas na agricultura. “O mercado terá de recorrer a produtos vindos de fora, porque os produtos locais não estão disponíveis. Distritos como Abunã e Jacy-Paraná sofreram diretamente com a elevação do rio Madeira, mas as regiões que não foram afetadas pela cheia também foram atingidas por chuvas muito fortes, que inviabilizam os trabalhos nas lavouras”, explicou.

O secretário da agricultura também informou que as perdas incluem maquinários e equipamentos necessários para a produção e que o conjunto da situação pode desmotivar os produtores. “Há o impacto psicológico para o agricultor e temos de incluir isso em nosso planejamento de recuperação do setor rural. O retorno dos trabalhos de um produtor demora de seis a oito meses para dar algum resultado considerável, assim, precisamos mantê-los motivados”, enfatizou.


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