Sexta-feira, 26 de abril de 2024



Governos omitem mais de R$ 340 milhões do gasto da Olimpíada

Os governos federal e municipal do Rio omitem mais de R$ 340 milhões de gastos do documento que descreve o custo oficial da Olimpíada de 2016.

Fazem parte dos itens excluídos da lista oficial de gastos construção de arquibancadas, móveis para vilas dos Atletas e de Mídia, indenização para moradores removidos em área de acesso ao Parque Olímpico e o custeio de órgãos públicos criados para os Jogos.

Todos esses itens somam R$ 343 milhões e não fazem parte do gasto oficial com a Olimpíada.

A APO (Autoridade Pública Olímpica) divulgou nesta sexta-feira (26) a Matriz de Responsabilidade, documento que lista o custo de obras das arenas e outros itens essenciais aos Jogos. De acordo com o documento, o custo desses itens é de R$ 6,67 bilhões.

O custo total da Olimpíada (R$ 38,7 bilhões) é composto por três documentos: a matriz, o orçamento do comitê organizador (R$ 7,4 bilhões) e o plano de legado (R$ 24,6 bilhões). Apenas os dois primeiros são considerados gastos essenciais aos Jogos. O último é composto por obras de infraestrutura prometidas ao COI (Comitê Olímpico Internacional), mas sem relação direta com o evento.

Não consta em nenhum dos três documentos as indenizações pagas a moradores da Vila Autódromo. De acordo com levantamento do gabinete da vereadora Teresa Bergher (PSDB), a prefeitura já gastou R$ 95 milhões com os pagamentos.

O reassentamento aos moradores da Vila Autódromo é o único que o prefeito Eduardo Paes (PMDB) reconhece ocorrer por causa da Olimpíada. ONGs apontam outras centenas de casos, mas o município afirma que estes estão relacionados a obras públicas, e não aos Jogos.

Também está fora da lista a compra de arquibancadas temporárias para o Engenhão, Centro Olímpico de Esportes Aquáticos e Handebol. A Riourbe concluiu há um mês a licitação, que definiu gasto de R$ 22 milhões.

O gasto público com a estrutura da APO e da EOM (Empresa Olímpica Municipal), criadas em 2011 exclusivamente para o evento, também não constam do orçamento olímpico oficial. Elas consumiram nestes quatro anos R$ 75,9 milhões e R$ 58,7 milhões respectivamente.

Foto aérea do Complexo de Deodoro, no Rio de Janeiro

Há também a contratação, pelo Ministério do Esporte, de consultoria da FGV para definição de preços de instalações temporárias no evento. O contrato, sem licitação, é de R$ 54,5 milhões.

Completa a lista a compra pelo município de móveis para as vilas dos atletas e de mídia, por R$ 29,3 milhões. O custo do Velódromo, que sofreu reajuste de R$ 7,8 milhões, não foi atualizado na matriz

O presidente em exercício da APO, Marcelo Pedroso, afirmou crer que os três documentos refletem fielmente os gastos com a Olimpíada. Ele disse que a definição sobre o que entra ou não no documento é do ente responsável pelo custo.

O município afirmou que o prefeito Eduardo Paes só comentaria os gastos da matriz às 15h, em coletiva. O Ministério do Esporte não se pronunciou até a publicação desta nota.

LEGADO

As omissões listadas referem-se apenas a custos diretamente ligados da Olimpíada. Há contudo, gastos em política pública que não constam nem do plano de legado, nem na matriz.

A Secretaria de Grandes Eventos do Ministério da Justiça afirmou que vai gastar cerca de R$ 350 milhões no plano de segurança da Olimpíada. O custo não está descrito no plano de legado, atualizado em abril, nem na matriz.

Além da segurança pública, os governos assumiram a vigilância dentro das arenas. O custo desse serviço, ligado aos Jogos, não aparece nos documentos.


spot_img


Pular para a barra de ferramentas