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Sexta-feira, 29 de março de 2024




Obras inacabadas geram prejuízos à população da Capital

A previsão para conclusão da revitalização da Rua da Beira é até o dia 31 de agosto, mas o prazo não deve ser cumprido sinalizou o Dnit.

Sete anos depois de iniciadas, as obras na Rua da Beira, marginais da BR-364, ainda não foram concluídas. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o Departamento de Estradas de Rodagem e Transporte (DER) estão executando as obras em diferentes trechos nas marginais, mas a população ainda reclama dos transtornos e insegurança que o local oferece.

O Dnit informou que as obras das marginais e viadutos já foram licitadas pelo Regime Diferenciado de Contratação (RDC), essa nova modalidade permite contratar a empresa que será responsável também pelo projeto a ser executado, esclareceu Alan Oliveira Lacerda, analista em infraestrutura de transportes/medição. “Para obras do PAC foi permitida a modalidade integrada, projeto e obra. A empresa tem seis meses para apresentar o projeto e o Dnit dois meses para análise e aprovação”, disse Alan.
Em setembro do ano passado foi emitida a ordem de serviço para reinício das obras, e em maio deste ano os trabalhos foram retomados na Rua da Beira “começou pelas marginais, porque os projetos eram mais fáceis, foram feitos primeiro e analisados primeiro”, ressaltou o analista.

As obras que começaram em 2008 ainda não estão concluídas, mas segundo o Dnit ela está sendo realizada pelo órgão federal somente há um ano “antes a obra era para ser executada pela prefeitura, foi feito um termo de convênio com eles”, informou Lacerda. Desde então duas licitações foram feitas e as empresas vencedoras teriam feito parte das obras e desistido do contrato, relatou ele.

Os elevados inacabados atrapalham o fluxo do trânsito

Convênio entre der e o dnit

O Dnit e o DER fizeram um convênio para que fosse realizada a obra em um trecho da Rua da Beira pelo governo do Estado. De acordo com Lioberto Caetano, diretor-geral do DER/Deosp, no primeiro momento o acordo previa a execução da iluminação, sinalização e paisagismo, mas devido a questões econômicas e falta de recursos fizeram novo convênio atribuindo ao DER somente o asfalto, drenagem e colocação das tampas dos bueiros.

O trecho que o DER atua na Rua da Beira, foi executado com recursos próprios, compreendendo de um lado: da avenida Rio Madeira até o acesso ao Cemetron, e do outro do Sest/Senat até a Fimca. Para a conclusão dessa parte, Lioberto deu um prazo de 45 dias, pois ainda está faltando parte da drenagem, meio-fio, tampas de bueiros “o Dnit vai receber a obra completa, estamos com dificuldade de adquirir o material das tampas, pois o aço vem de fora”, ressaltou o diretor ao informar que caso a empresa não cumpra os prazos será notificada, multada ou poderá vir a ter o contrato cancelado e o pagamento retido.

RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA, ESCASSEZ DE REPASSES PODEM ATRASAR OS  PAGAMENTOS 

Ainda segundo informações do Dnit a previsão para finalizar toda a revitalização da Rua da Beira é até dia 31 de agosto, mas devido a grande quantidade de serviço a ser concluído, este prazo não deve ser cumprido “o volume de obras a ser executado é muito grande, está muito apertado. A empresa tem se mostrado um pouco lenta, mas o Dnit já notificou”, ressaltou Lacerda. De acordo com o analista, o atraso na entrega pode estar relacionado à demora dos pagamentos “por causa da restrição orçamentária, o repasse do Governo Federal para o Dnit está escasso, então nem todas as empresas estão sendo contempladas com o pagamento”, afirmou ele.

Falta de acessibilidade e calçamento é um grande problema

Mas esta realidade de falta de verba não é uma situação exclusiva da cidade de Porto Velho “todas as obras estão com os pagamentos atrasados, aqui em Rondônia e nos Estados do Acre e Mato Grosso, tem gente que ainda não recebeu esse ano, e isto é uma realidade nacional”, analisou Lacerda. Segundo ele, estão recebendo metade ou menos da metade do dinheiro que deveria vir para obras do PAC. Para o analista do Dnit, as expectativas são de que toda a obra, viadutos e Rua da Beira, sejam concluídas até final do ano que vem, “nosso compromisso é de fazer, nem que demore mais, vamos fazer dentro da lei, não vai ser no prazo esperado, mas vamos fazer”, concluiu.

Poeira e falta sinalização atrapalham as vendas

Comerciantes que trabalham no local afirmam que a poeira ainda incomoda muito. Um deles, que não quis se identificar, afirmou que tem que lavar todos os dias o estabelecimento por causa da poeira “um caminhão passando aqui na frente, o vento que ele provoca sobe muita poeira, é como se não tivesse asfalto”. Ele ainda ressaltou que tem muitos prejuízos por conta da terra que sobe “a poeira estraga os computadores e irritam os olhos dos funcionários. Melhorou com o asfalto porque antes era como um rally, para vir aqui, mas falta sinalização, é difícil chegar até na empresa”, concluiu.

O acesso para a Rua da Beira de quem está na BR-364 sentido Candeias do Jamari está invertido, primeiro vem a saída e depois a entrada para a pista “todo acesso para uma rodovia tem que ter uma faixa de aceleração e não tem, um carro entra acelerando outro freando para sair da rodovia logo a frente, o próprio Dnit falou que está errado”, afirmou o comerciante.

Outra empresa local também ficou prejudicada por conta dos transtornos ocasionados pela obra. O gerente financeiro, Thiago Guimarães, contou que os caminhões tinham que fazer desvios, durante seis meses, para chegar à empresa, segundo ele, os clientes também foram afetados “tínhamos um balcão de vendas, hoje a gente fechou porque os clientes não vinham até aqui, a gente perdia o cliente aqui. Por isso o movimento caiu bruscamente, eles tinham que parar o carro longe, e vir a pé na poeira ou na lama dependendo da época do ano”, relatou Guimarães.

fFOTO 3- RUA DA BEIRA-12-08-15-FOTO.RONI CARVALHO (11) copyA falta de sinalização no local pode contribuir para aumentar o número de acidentes “semana retrasada teve acidente com o motoqueiro. As pessoas passam aqui da forma que querem, não sabem qual o sentido da rua”, ressaltou Thiago.

Em frente à empresa, onde funciona o estacionamento, teve que ser pavimentado novamente “eles vieram, quebraram tudo e deixaram, tivemos que fazer porque eles não passam nenhuma informação”, afirmou o gerente. As tampas de bueiro que estavam abertas tiveram que ser fechadas por eles para não levar perigo à população “tivemos que improvisar e colocar madeira porque teve um cliente que o carro caiu no buraco”, relatou Guimarães.

O DER informou que de acordo com o novo convênio a sinalização é responsabilidade do Dnit. O Dnit afirmou que a sinalização inclui a pintura horizontal e as placas verticais e que existe uma empresa só para fazer a sinalização de todas as rodovias de Rondônia “Se acionarmos agora em dois meses a sinalização seria concluída, mas é preciso que o DER entregue a obra, porque se eu sinalizo e a obra ainda não concluiu posso perder o que será feito e arriscar gastar dinheiro público” afirmou Alan. Em casos especiais o Dnit pode usar da excepcionalidade de fatos concretos para realizar a sinalização “se tiver caótico, podemos fazer uma sinalização emergencial no local, se coloca em risco a vida do usuário e se tiver números expressivos de acidentes, pois são as ocorrências que materializam o emprego do dinheiro público”, comunicou ele.

Os comerciantes do entorno da Rua da Beira contabilizam anos de prejuízos e reclamações dos clientes

Prazo para entrega dos elevados é maio de 2016

Os elevados são obras mais complexas e por isso os projetos feitos pela empresa que ganhou a licitação demoraram um pouco mais “elas alegaram problemas na execução das obras, e o Dnit está analisando alguns”, disse Alan. São ao todo seis obras a serem concluídas na capital: Trevo do Roque, Prudente de Morais, Três e Meio, Rio de Janeiro, Jatuarana e Campos Sales. “Na Rua Três e Meio o projeto já está aprovado e no máximo no início de setembro as obras já devem ser retomadas”, afirmou Lacerda ao relatar que na avenida Rio de Janeiro os trabalhos também já devem ser retomados. Já na rua Campos Sales é necessário uma aprovação de terra armada “o Dnit de Brasília está analisando, mas não liberou ainda. A terra armada é a parte de acesso para os carros começarem a subir”, informou ele.

O analista do Dnit enumerou algumas dificuldades encontradas para se construir elevados em áreas urbanas. Segundo Alan, para implantação foram registrados alguns problemas de moradores que invadiram a faixa de domínio, a morosidade para remoção de postes elétricos por parte das concessionárias, a previsão orçamentária, problemas no solo com capacidade de suporte e resistência muito baixos e a organização do tráfego. Alan explicou que as obras geram transtornos à população “as pessoas querem que as obras sejam feitas e não atrapalhem o percurso delas, a gente tenta amenizar isso e pensar em caminhos para desviar o trânsito”, conclui ele.

Toda a obra tanto da Rua da Beira como dos elevados estão dentro do prazo estabelecido pelo contrato com o consócio que executa os trabalhos “eles tem até maio de 2016 para entregar tudo”, disse o analista. Lacerda alerta que no ritmo que se encontram os trabalhos, os prazos de conclusão não serão obedecidos, tanto no final, no ano que vem quanto nas etapas.

Os pedestres e ciclistas precisam se arriscar para atravessar os trechos em obras da BR-364

População sofre sem acessibilidade, iluminação e segurança

Na região não existe acessibilidade de pedestres, nem calçamento, nem passarela e muito menos faixa de pedestre “também não tem iluminação pública, aqui fica tudo escuro, por isso temos seguranças à noite porque é um breu, tivemos que melhorar a iluminação da empresa para evitar roubo e as câmeras poderem pegar alguma coisa”, reclamou Thiago.

O gerente não entende como com tantas empresas, indústrias e faculdades, o local não tem faixa de pedestre e é muito escuro “tanto a Rua da Beira quanto a rodovia é escura à noite, quem trabalha por aqui tem que pegar o ônibus lá do outro lado e corre risco por estar sem iluminação” ressaltou ele.

A iluminação pública é um impasse, pois ela já foi feita e os cabos foram roubados “a responsabilidade é municipal dentro de travessias urbanas, você pode observar, as rodovias federais não são iluminadas”, informou Alan. Segundo ele, existe uma excepcionalidade do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) que quando da construção ou motivo de segurança o Dnit pode executar a iluminação “em Porto Velho ainda está em discussão quem vai fazer o projeto, assumir a conta e executar, nós estamos dispostos a fazer mais uma vez, mas estamos com escassez de recursos para esse ano”, alertou Lacerda.

A Empresa de Desenvolvimento Urbano (Emdur) informou que fará a iluminação do local e que será feito um levantamento de quantos postes com luminárias serão necessários “temos que fazer um projeto novo e até o final do mês deve ser concluído o levantamento” explicou Gerardo Martins de Lima, diretor-presidente da Emdur. O diretor ressaltou que os trabalhos na BR são muito perigosos e demorados, por isso é preciso o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e também da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (Semtran). Gerardo afirmou que atualmente a Emdur conta com cinco equipes que trabalham das 20h às 2h, ideal para este tipo de serviço “o trabalho rende mais porque o movimento é menor”, concluiu.

 

Por Ariadny Medeiros DIÁRIO DA AMAZÔNIA


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