Sexta-feira, 19 de abril de 2024



Situação das BRs é crítica, diz CNT

 

C2 ABRE VIADUTOS BR. 364 07052013 JOTA GOMES.IMG_3532 (69) copyDe acordo com a Pesquisa CNT de Rodovias 2013 – realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) – o estado geral das rodovias brasileiras teve uma piora no último ano de 63,8% da extensão avaliada apresentam alguma deficiência no pavimento, na sinalização ou na geometria da via. Em 2012, o índice havia sido de 62,7%. São considerados como pontos críticos situações que trazem graves riscos à segurança dos usuários, como erosões na pista, buracos grandes, quedas de barreira ou pontes caídas.

Em Rondônia, mais de 400 quilômetros de vários trechos das sete rodovias federais, sendo BR-174 (Vilhena), BR-364 (Cortando todo o Estado) e BR-319 (Porto Velho) e as outras 04 de Ligação: BR-435 (Vilhena), BR-429 (Presidente Médici), BR-421 (Ariquemes) e BR-425 (Porto Velho) estão em más condições e sofrem constantemente com a inoperância do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), principal órgão executor do Ministério dos Transportes.

Segundo o site do Dnit, o trecho urbano da BR-364 encontra-se pavimentada, em condições regular de tráfego, com alguns buracos ao longo do trecho em função do período chuvoso e com sinalização regular. Porém, a realidade presenciada diariamente pela população é totalmente diferente. Ao percorrer o trecho entre o município de Candeias do Jamari até a Universidade Federal de Rondônia (Unir) é possível observar a falta de sinalização, iluminação e muitos buracos, principalmente ao londo da Rua da Beira e no entorno dos “viadutos”.

Para o vendedor Antônio Carlos, a atuação do Dnit pode ser considerada nula. “Um atoleiro de ineficiência e irregularidades”.

Licitação dos viadutos foi anunciada para setembro

Em julho, a prefeitura da Capital desistiu do convênio de construção dos viadutos, após o prefeito Mauro Nazif dizer que o Dnit não forneceu os documentos necessários que a prefeitura vinha solicitando desde fevereiro, para que fosse feito novo contrato de licitação para a conclusão das obras. Em agosto, o Departamento anunciou que até 15 de setembro seria licitada a nova empresa, para concluir as obras dos seis viadutos inacabados da cidade. Porém, o prazo mais uma vez não foi cumprido e até o presente momento o Dnit não divulgou uma nova data para o início do processo licitatório, e nem, sequer, divulgou uma previsão de quando os viadutos serão finalizados.

Para um comerciante que vende lanches nas margens da BR, a demora na conclusão das obras dos viadutos vem prejudicando as vendas de seu estabelecimento há anos. “Eu era feliz e não sabia. Antigamente eu reclamava do Trevo do Roque, agora eu sei o quanto era bom do jeito que estava. Eu estou no prejuízo há anos aqui por causa dessa porcaria que fizeram na nossa cidade e ainda chamam de viaduto. O acesso para meu comércio ficou totalmente prejudicado com essas lambaças que estão fazendo. No dia que esses viadutos ficarem prontos de verdade, sou capaz de fazer uma festa para o bairro todo”, desabafa o comerciante que preferiu ter o nome preservado.

Falta de iluminação no trecho urbano

A funcionária pública e estudante de Economia da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Marilene Morais, conta que sofre com a falta de iluminação no trecho que vai da avenida Campos Sales até o Campus. “É uma escuridão sem fim. Acredito que arrisco a minha vida todos os dias indo pra universidade. Eu não consigo acreditar que não exista dinheiro para iluminar esse trecho”, desabafa a estudante.

O gerente de atendimento da Eletrobras, Gerson Paes, esclarece que o trecho da BR-364, que vai da avenida Campos Sales até o campus da Unir, recebeu a estrutura necessária que fosse ligado o fornecimento de energia, porém nenhum órgão quis se responsabilizar pelo consumo. “Para fornecer energia naquela região o município ou o estado precisaria solicitar o pedido de ligação, só que ninguém quer pagar a fatura. Nesse intervalo de tempo, os cabos que interligam os postes foram roubados. Então, hoje, caso um desses poderes resolvessem autorizar o ligamento, teriam que antes repor toda a estrutura”, esclarece.

Para o caminhoneiro Remilson Andrade – nas estradas há mais de 30 anos – a situação do trecho urbano é vergonhosa. “Eu percorro esse Brasil todo, conheço todas a rodovias. A BR-364 ao longo da estrada está até razoável, agora quando chega aqui na entrada da cidade é uma vergonha, um verdadeiro chiqueiro. A falta de comprometimento dos órgãos responsáveis é jogada na nossa cara todos os dias. Eles ficam brincando de restaurar esse trecho urbano, um dia tapa um buraco é já faz mais quatro, no outro dia asfalta um pedaço e quebra dez. No outro dia põe uma manilha e tira mais sete. Além dos buracos, que já podemos chamar de crateras, a falta de iluminação é preocupante. Tem também os excessos de carga, o que deteriora precocemente o que foi arrumado. A falta de planejamento é grande e a população que paga o pato” desabafa Andrade.

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br ruim gera mais acidentes

De acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), de 01 de janeiro a 01 de dezembro de 2013, a situação precária das rodovias ocasionou 2.317 acidentes na BR-364, onde 1.287 pessoas tiveram ferimentos leves, 418 ferimentos graves e 114 pessoas morreram.Segundo a PRF, 364 acidentes foram causados por defeitos na via. Já na BR-319 de 01 de janeiro a 01 de dezembro desse ano foram registrados 500 acidentes contra 702 em 2012. Entre eles 227 pessoas tiveram ferimentos leves, 71 ferimentos graves e 2 mortos.

Segundo inspetor da PRF Moraes Torres, os agentes sempre que detectam defeitos nas vias encaminham ofícios para o Dnit. “Os agentes estão diariamente percorrendo as rodovias. Então, sempre que observamos um problema na estrada encaminhamos um comunicado para o Dnit alertando o problema, afim de que seja solucionado em breve, evitando assim maiores problemas”, explica Torres.

De acordo com o último levantamento realizado pela Revista Quatro Rodas, a BR-364 ocupa o 15º lugar no ranking das 20 estradas que mais matam no Brasil, somando 2.779 acidentes, 2.094 feridos e 133 mortos em 2012.

Economia de rondônia também é prejudicada 

Além de prejudicar a qualidade de vida dos usuários, a má conservação das estradas traz implicações para as atividades econômicas que se utilizam dessas vias, podendo também estagnar o desenvolvimento de regiões dependentes do transporte rodoviário.
Segundo o caminhoneiro Mário Gomes, a má conservação das estradas traz vários prejuízos para os motorista. “Rodovias mal cuidadas resultam num maior consumo de combustível pelos automóveis, aumentam os custos com a manutenção dos veículos e o tempo da viagem. Além de aumentar os riscos de acidentes”, conta Gomes.

De acordo com o empresário João Paulo – um dos participantes do movimento ‘Rua da Beira – BR pede socorro’ – os transtornos provocados pelas obras inacabadas do viaduto da Jatuarana têm prejudicado o comércio local. “Os clientes estão deixando de vir nas lojas aqui desse pedaço da BR-364. É muita lama, muito buraco, difícil até para nós que trabalhamos aqui vir para a loja. É um sofrimento sem fim. No verão é a poeira, que deixa todo mundo doente, durante o inverno é a lama e os alagamentos”, diz.

DNIT não se pronuncia

Desde o início de 2013, assim que os viadutos foram devolvidos ao Órgão, o Diário da Amazônia tenta contato com a superintendência em Porto Velho. Em duas oportunidades a entrevista foi marcada, mas o superintendente, André Reitz, não apareceu como o combinado. Durante a elaboração desta reportagem, o jornal tentou novamente contato com a superintendência na Capital e com a assessoria de imprensa do Dnit em Brasília, contudo, mais uma vez, o silêncio do Departamento prevaleceu.

 

TEXTO: Laila Moraes FOTOS: Roni de carvalho / Diário da Amazônia

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