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Sexta-feira, 29 de março de 2024




Vigilante volta atrás e reduz para 29 o número de execuções, diz polícia

O delegado Murilo Polati, titular da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios deGoiânia (DIH), afirmou, em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (23), que o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26, voltou atrás em um segundo depoimento e confessou a morte de 29 pessoas desde 2011. Inicialmente, segundo a Polícia Civil, o jovem tinha assumido a autoria de 39 assassinatos.

Suposto serial killer, vigilante Tiago da Rocha é transferido para a CPP, em Aparecida de Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Para o delegado, Tiago da Rocha não se arrepende dos crimes que cometeu e reduziu os crimes confessos por orientação da defesa. “Ele achou ótimo se tornar uma estrela. Ele é frio, meticuloso, sabia de todos os crimes e só não assumiu todos e outros que por ventura nós venhamos a descobrir porque começou a raciocinar”, disse Polati. O delegado acredita que os 29 crimes foram assumidos porque Tiago crê que os exames de balística serão compatíveis nesses casos e poderão incriminá-lo.

Procuradas pelo G1, as advogadas do suposto serial killer não atenderam às ligações até a publicação desta reportagem.

Mesmo com a redução dos crimes confessados, o delegado informou que vai continuar a investigação de 38 casos relatados pelo suspeito. Isso porque, de acordo com o delegado, Tiago se enganou ao repetir um mesmo crime durante o depoimento, além de ter informado sobre um homicídio que, depois, descobriu-se que a vítima não morreu. Por outro lado, ele também assumiu, de maneira informal aos policiais, que matou um jovem de 22 anos.

Polati afirmou que não irá identificar todos os casos assumidos pelo vigilante, pois eles estão sob investigação.

Entre os 29 casos mantidos, estão os 15 investigados, inicialmente, por uma força-tarefa da corporação. Ele também reafirmou ser o assassino de duas mulheres, cujos casos não eram apurados pela operação da polícia e que foram incluídos na força-tarefa após a confissão. Dentre os 29 crimes estão ainda quatro homicídios de moradores de rua.

Exame psicológico
Polati afirmou ainda que o exame que determinaria o perfil psicológico do suspeito não será mais requerido pela Polícia Civil e só será feito quando o processo estiver no Poder Judiciário.

“Entendemos com todos os delegados, representantes do Minitério Público e com o próprio psicólogo forense, que integra a equipe a se rcomposta no judiciário, que não era o momento adequado até porque teria-se feito um exame isolado e em um segundo momento esse mesmo exame seria feito por uma equipe integrada por diversos profissionais, cuja equipe também é integrada por esse psicólogo forense”, disse o delegado.

Na quarta-feira (22), Tiago foi visitado pela psicóloga neurocientista Cássia Oliveira. Segundo a polícia, ela requisitou a visita pois estuda casos de serial killers. Em uma avaliação informal, eladisse que não pode dar um diagnóstico sobre o jovem, mas adiantou que ele “não é louco” e afirma que, “sem dúvida”, trata-se de um serial killer. A polícia afirma que a avaliação não será utilizada nas investigações.

Murilo Polati afirma que vigilante reduziu o número de assassinatos cometidos por ele em Goiânia, Goiás (Foto: Luisa Gomes/ G1)Murilo Polati diz que polícia vai investigar 39 crimes
(Foto: Luisa Gomes/ G1)

Ala de segurança máxima
Tiago foi transferido da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc) para o Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana, na quarta-feira (22). Ele está sozinho em uma cela de 10 m² do Núcleo de Custódia, que é a unidade de segurança máxima do estado e tem capacidade para 80 presos.

O vigilante terá a mesma rotina que os demais detentos, com direito a banho de sol diário e de receber visita aos finais de semana.

Apesar de ter tentado se matar na cela da delegacia, Tiago não terá acompanhamento especial no Núcleo de Custódia. No entanto, o diretor da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária e Justiça (Sapejus), Ezequiel de Souza, garante que a segurança dele está resguardada e todos os procedimentos necessários para isto serão tomados.

“Toda vez que é feito o remanejamento em qualquer cela se faz uma revista antes que coloque o preso. A obrigação do estado é resguardar a integridade física dele”, disse o diretor.

Comportamento
Tiago foi preso na capital no último dia 14. Na ocasião, ele confessou à Polícia Civil ter matado 39 pessoas desde 2011. Durante os dias em que ficou detido, sozinho, em uma cela da Denarc, o comportamento de Tiago chamou a atenção dos policiais. Na segunda-feira (20), o delegado Eduardo Prado revelou que o suspeito disse que estava com vontade de matar.

Também causou estranheza o fato de Tiago ler, em poucas horas, 40 revistas. “Outra coisa curiosa é que ele lê de trás para frente de forma rápida, como se fosse dinâmica, lendo de forma alta”, pontua o delegado. Prado disse ainda que o motociclista pediu bebida alcoólica na cela, mas que não foi atendido.

Bárbara, Wanessa, Juliana, Janaina, Taynara e Isadora foram algumas das vítimas do suposto serial killer em Goiânia, Goiás (Foto: Arquivo Pessoal)Bárbara, Wanessa, Juliana, Janaina, Taynara e Isadora: vítimas do suposto serial killer (Foto:Arquivo Pessoal)

Série de mortes
A força-tarefa da Polícia Civil era formada por 16 delegados, 30 agentes e 10 escrivães, que começaram a atuar no dia 4 de agosto com o objetivo de investigar a série de homicídios de mulheres na capital.

O primeiro crime da série ocorreu em 18 de janeiro deste ano, quando Bárbara Luiza Ribeiro Costa, de 14 anos, foi executada por um motociclista no Setor Lorena Park, na capital. A morte mais recente foi a de Ana Lídia Gomes, em um ponto de ônibus do Setor Morada Nova, em 4 de agosto.

Dois dos crimes apurados pela força-tarefa não foram assumidos pelo vigilante: a morte de Danielly Garmus da Silva, 23 anos, e a tentativa de homicídio de Daiane Ferreira de Morais, 18. Entretanto, ele confessou outras duas mortes de mulheres que eram apurados de forma independente e, após a confissão, a polícia os incluiu nas investigações. São os homicídios de Arlete dos Anjos Carvalho, 16, e de Edimila Ferreira Borges, 18.

Tiago revelou à polícia que interrompeu a sequência de mortes após o homicídio de Ana Lídia por medo de ser preso, informou o delegado Alexandre Bruno Barros. Mas voltou a cometer uma agressão uma semana depois. “Ele disse que parou porque ficou com medo de ser pego, por causa da força-tarefa. Depois, voltou porque não aguentou mais, tinha que extravasar a raiva”, disse o delegado.

Segundo a Polícia Civil, por causa desse crime, o jovem foi identificado em imagens registradas por câmeras de segurança, próximo à lanchonete em que uma mulher foi agredida por um motociclista. O caso foi incluído na força-tarefa. Segundo testemunhas, o motociclista de capacete vermelho, que seria Tiago, atirou na garota, mas a arma falhou. Então, ele deu um chute na boca dela. O vigilante acabou preso dois dias depois dessa agressão.


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