Quinta-feira, 09 de maio de 2024



‘Conteúdo era inadequado’, diz professora afastada após ‘divulgar’ livro infantil para pais em RO

Juliana Cibelly, professora de uma escola municipal de Buritis (RO), foi afastada do cargo por 15 dias, após “divulgar” imagens de um livro infantil em grupos de pais de alunos. Na mensagem enviada, a servidora diz que o conteúdo era “inadequado para crianças”.

Em um vídeo divulgado em suas redes sociais, Juliana conta que estava revisando os novos livros que chegaram na instituição, antes de serem disponibilizados na biblioteca da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Infantil (EMEFI) Francisco José Chiquilito Erse, onde trabalha.

Durante a análise, a professora se deparou com um livro, que segundo ela, tinha conteúdos inadequados para crianças. Ela tirou foto da capa e mandou uma mensagem em um grupo de pais que estavam comentando sobre um assunto relacionado:

Mensagens enviadas por professora que foi afastada do cargo em Rondônia — Foto: Juliana Cibelly/Arquivo

Mensagens enviadas por professora que foi afastada do cargo em Rondônia — Foto: Juliana Cibelly/Arquivo

O livro citado é o Mamãe Vai Ter um Bebê, da linha Paradidáticos da editora Todolivro, indicado para crianças de 6 a 8 anos. Em uma das páginas, é explicado de maneira direta como ocorre a reprodução humana.

No dia seguinte, Juliana foi afastada de seu cargo público por 15 dias, podendo ser prolongado pelo mesmo período e sucessivos, para “não influir na apuração dos fatos objetos do processo em referência” (trecho retirado do decreto assinado pela Prefeitura de Buritis).

A professora explicou ao g1 que ela estava trabalhando no momento que foi informada verbalmente sobre seu afastamento e em relação ao processo administrativo que iria “responder” pela postagem feita nas redes sociais sobre o livro.

Página do livro indicado para crianças de 6 a 8 anos que explica, de forma direta, como acontece a reprodução humana — Foto: Juliana Cibelly/Arquivo

Página do livro indicado para crianças de 6 a 8 anos que explica, de forma direta, como acontece a reprodução humana — Foto: Juliana Cibelly/Arquivo

O que diz a prefeitura da cidade?

 

Em nota, a administração municipal da cidade de Buritis informou que a servidora foi designada para revisar o conteúdos e classificação dos livros para uso em sala de aula. Ao identificar algum material inadequado, o protocolo era informar e entregar o conteúdo a coordenação pedagógica.

No entanto, segundo a administração municipal, a servidora divulgou imagens de um livro considerado “impróprio” nas redes sociais durante o horário de trabalho. O que, segundo a prefeitura:

“Está em desconformidade com a ética profissional e os deveres descritos no Regime Jurídico Único do Município Lei n. 021/97. O afastamento da professora foi uma medida administrativa preventiva, adotada para assegurar que a apuração dos fatos ocorresse de maneira imparcial e sem possíveis interferências”

A administração municipal informou que o livro literário não é sobre educação sexual e não foi enviado pelo Ministério da Educação (MEC). Ele foi adquirido em um projeto de incentivo à leitura criado pela própria escola.

Além disso, está sendo investigado se o livro foi distribuído aos alunos ou permaneceu apenas em análise pelos educadores, e se houve violação dos protocolos educacionais que garantem que os materiais didáticos sejam apropriados para a faixa etária escolar.


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