Quinta-feira, 25 de abril de 2024



Essa tal liberdade – Com decreto flexibilizado, parte da população corre à farra e ignora o Coronavírus em Rondônia

Porto Velho, RO – À poetisa Viviane Mosé se atribui a seguinte sentença:

“LIBERDADE É SABER LIDAR COM OS LIMITES!”.

Uma pequenice textual que a despeito de sua obviedade é, ao mesmo tempo, um tapa com luva de pelica na fuça da sociedade.

Já passou da hora de se fazer uma autocrítica a respeito da situação desencadeada pelo novo-velho Coronavírus (COVID-19/SARS-CoV-2).

Em Rondônia, até os últimos dados sacramentados pela Secretaria de Saúde (Sesau/RO), 4,9 mil óbitos entraram no terrível cômputo da doença, correndo, rapidamente, para alcançar outros recordes.

O governador Coronel Marcos Rocha, sem partido, e os prefeitos dos 52 municípios, diga-se de passagem, fizeram, dentro de suas possibilidades, o possível a fim de alertar a respeito dos riscos.

Algumas autoridades podem até ter entrado em desarranjo em relação a medidas sanitárias e outras restrições, mas, todas elas, sem exceção, sempre deixaram claro a importância da manutenção do distanciamento social e também do uso contínuo e irrestrito da máscara. Isto, claro, sem contar o álcool em gel 70%.

No caso do mandatário do Palácio Rio Madeira, posicionado numa encruzilhada onde, rotineiramente, se vê obrigado a tomar decisões que o colocam na rota de dilemas populares e/ou comerciais, a questão é a mais desagradável.

Quando Marcos Rocha edita e publica decretos mais contundentes, ala da sociedade, políticos e entidades classistas começa a bradar porque a economia vai à bancarrota, as empresas estão quebrando e cidadãos e cidadãs perdendo seus empregos.

É um ponto.

E ele precisa analisar como regente do Estado. São demandas como quaisquer outras, e, como tais, passíveis de soluções e contornos administrativos.

Agora, quando ouve esses setores e afrouxa as determinações, o que acontece?

Acontece o que se viu na última terça-feira (20) em Porto Velho na noite de véspera de feriado.

Bares, restaurantes, botecos, praças, conveniências de postos de gasolina e afins, todos lotados, com gente ignorando completamente o caos ainda instalado e que, nas últimas 24h, fez com que mais de sessenta pessoas perdessem a vida.

Os búfalos ensandecidos e desgovernados da fazenda Pau D’Óleo em Costa Marques aparentemente têm mais consciência coletiva do que esse eixo da humanidade.

Falta maturidade para compreender os reais significados de independência, autonomia, soberania e emancipação.

A maleabilidade incrustada nessas deliberações deveria, em tese, cimentar o sustento das atividades econômicas levando em conta, institucionalmente, que os habitantes teriam tato para corroborar.

Não foi o que aconteceu…

A pandemia é ocorrência excepcionalíssima. E ela não é problema exclusivo dos rondonienses. O mundo todo foi abalroado por esse percalço praticamente ao mesmo tempo.

A diferença, no fim as contas – além de decisões corretas e antecipadas tomadas pelos detentores do Poder em seus respectivos países, estados e cidades –, está no povo.

A depressão está aí. Todos querem confraternizar. Todo mundo quer um abraço. As pessoas necessitam de um beijo, de um afago. Estão carentes de uma boa conversa ao pé do ouvido.

Porém, sinceramente, ainda não é o momento.

Paciência é uma virtude das mais nobres, especialmente quando se leva em consideração a incolumidade da saúde alheia em detrimento aos nossos anseios comezinhos de diversão barata e entretenimento.

A vacinação recém começou e a campanha ainda vai longe.

Aguarde.

Isso vale para todos nós.

Todos.

Depois do estouro da boiada descontrolada não adianta chorar durante a própria intubação ou no enterro dos familiares.

Neste contexto específico, a culpa é só sua, exclusiva, não do João Dória, do Bolsonaro, do Lula, do Marcos Rocha, da Nasa, do FBI, da Terra Plana, de Marx, do Olavo de Carvalho, do Sérgio Moro ou dos Illuminati.

Aja corretamente para se salvar – e salvar aos seus – ou pelo menos aprenda a morrer com dignidade.

E lembre-se do que disse Viviane Mosé:

“LIBERDADE É SABER LIDAR COM OS LIMITES!”.


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