Domingo, 05 de maio de 2024



Famílias carentes esperam há quase quatro anos por entrega de 200 casas populares, em RO

Centenas de famílias aguardam, desde 2015, a entrega da tão sonhada casa própria no Residencial Esperança em Espigão D’Oeste (RO), a 539 quilômetros de Porto Velho. O motivo da espera é o atraso na obra de 200 casas populares, que, após quatro anos, não há previsão para ser concluída.

A obra, orçada em R$ 12 milhões, deveria ter sido entregue em outubro de 2015. Os imóveis já foram erguidos e são compostos por dois quartos, sala, cozinha conjugada e banheiro. Porém ainda é necessário fazer a pintura, instalação da rede elétrica, água e alguns reparos finais.

Em uma vista neste mês de maio ao Residencial Esperança, a reportagem do G1 encontrou marcas de deterioração, pois boa parte da construção já está concluída. Alguma janelas instaladas já foram quebradas e fios elétricos e caixas d’água furtados.

Para as famílias pré-selecionadas a receberem os imóveis, é frustrante ver a depredação da estrutura, antes mesmo de uma inauguração oficial.

Interior das casas populares em Espigão — Foto: Magda Oliveira/G1

Interior das casas populares em Espigão — Foto: Magda Oliveira/G1

Segundo a empregada doméstica Cristiane Gomes, uma das primeiras selecionadas à unidade habitacional, a família está ansiosa com a casa própria há quatro anos. Cristiane mora atualmente nos fundos da casa da sogra, junto com quatro filhos.

“Na realidade nunca explicaram o motivo da demora na entrega dessas casas. Depois que fui selecionada já assinei vários documentos, mas a casa nunca entregam. Fico triste em ver a obra sendo destruída. Eles poderiam entregar a casa do jeito que está. A gente, com o nosso esforço e trabalho, terminaríamos o que fosse preciso. Nós precisamos dessas casas”, afirma a doméstica Cristiane.

O aposentado José Alves Coutinho, de 77 anos, também foi um dos selecionados. Ele define a espera como algo ‘desesperador’, tendo em vista que é casado e tanto ele quanto a esposa são doentes e necessitam do uso constatante de medicação. Com isso, parte da renda fica na farmácia e a outra no aluguel de um imóvel.

“Eu sou aposentado. Só de aluguel pago R$ 500. I resto do dinheiro que recebo uso para pagar medicamentos. A vida é muito sofrida, já não consigo mais trabalhar. Há dias que não temos nem o que comer em casa. Acredito que depois de receber essa casa, o dinheiro que sobrará do pagamento do aluguel ajudará muito nas minhas despesas com a mulher”, acredita José.

Terreno doado pela prefeitura

De acordo com o prefeito de Espigão, Nilton Caetano (PP) a responsabilidade sobre a obra é da Caixa Econômica Federal (CEF). A prefeitura ficou responsável apenas pela doação do terreno e terraplanagem para a construção do asfalto.

Casas já têm janelas quebradas em Espigão — Foto: Magda Oliveira/G1

Casas já têm janelas quebradas em Espigão — Foto: Magda Oliveira/G1

“O terreno nós já doamos. No caso da terraplanagem temos que esperar a empresa responsável pela construção nos informar quando pretendem fazer o asfalto, para então prepararmos a terra. Nós já até procuramos a Caixa e nos colamos à disposição para fazer o serviço. Estamos dependendo deles”, disse o prefeito.

G1 tenta contato com a Caixa Econômica Federal desde a quinta-feira (23), sobre o motivo do atraso na entrega das unidades habitacionais, mas até o momento não teve retorno.

Por Magda Oliveira, G1


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