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Terça-feira, 19 de março de 2024




Médico é agredido ao alertar sobre gravidade da pandemia

O médico infectologista José Eduardo Mainart Panini foi agredido por um familiar após alertar sobre os riscos da Covid-19, em Toledo, no oeste do Paraná. Segundo ele, o agressor estava se preparando para ir a uma festa.

“Fomos tentar falar que era errado, que ele não deveria ir à balada e colocar em risco a saúde de ninguém, e ele já partiu para cima de mim. Até que chegou um amigo dele, que estava no carro o esperando, me segurou no chão, me deu um mata-leão, apertando muito meu pescoço, enquanto esse familiar me agredia. Minha esposa, que também é médica, também foi agredida com um soco”, contou ao G1.

A agressão ocorreu na sexta-feira (26), no mesmo dia em que o Governo do Paraná estabeleceu medidas mais rígidas em relação à pandemia no estado, devido o aumento expressivo no número de contaminados e de mortos pela doença.

“Eu cheguei em casa depois de passar o dia em reunião justamente vendo que a situação da pandemia tinha piorado muito. Daí veio esse familiar, que mora com idosos, e falou que ia desrespeitar tudo. Fui agredido por tentar alertar sobre a atual situação da pandemia e por uma pessoa que realmente não se solidariza com o que está acontecendo. Dói, mas sinto que estou do lado que zela pela vida”, comentou Panini.

Em uma rede social, nesta segunda-feira (1º), ele escreveu sobre o ocorrido. Na publicação, o médico disse que apesar da agressão se mantém disposto na luta contra o novo coronavírus: “O desânimo não vem! E junto com eles temos muita coisa boa, progresso, vacinas e tudo que vai fazer sairmos dessa pandemia! E aos trabalhadores da saúde muita força!”

Panini tem 31 anos e é médico há sete anos. Ele atua na Prefeitura Municipal de Toledo, no Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (Ciscopar) e no Hospital Doutor Campagnolo.

“Já vai fazer um ano que estou trabalhando exaustivamente em relação à pandemia. Pelo que eu fiz até agora, pelo que eu defendi, eu sinceramente acho que estou do lado das pessoas que querem que a pandemia acabe, que tem cuidado pelo próximo. Foi um ano fazendo tanta coisa, realizando tantos protocolos de equipamento de proteção individual, para diminuir a chance de transmissão, de organização de alas, de enfermarias. Está tudo organizado, mas a doença nos venceu e se a gente não souber lidar, vamos perder ainda mais gente. Depende, agora, exclusivamente das pessoas, da consciência delas, dos atos, mais nada”, disse ele.

Boletins de ocorrência

A esposa dele registou um boletim de ocorrência sobre a agressão, sem referência ao ambiente profissional do médico, na Polícia Civil de Toledo.

Nesta segunda-feira, Panini disse que também foi à delegacia registrar um boletim de ocorrência, após a postagem repercutir nas redes sociais. Na terça-feira (2), ele passará por exame de corpo de delito.

“Não queria que o impacto fosse tão grande, então acabei não indo em um primeiro momento, mas diante da situação resolvi falar mesmo. É chata toda situação, mas penso que depois disso vou ter ainda mais ânimo para trabalhar porque está cheio de pessoas assim e elas precisam entender que estão erradas. Me sinto mais forte ainda para trabalhar na causa e torço para que a gente possa logo sair dessa pandemia”, afirmou ele.

A Polícia Civil de Toledo afirmou  que investiga o caso.

Repúdio à agressão

O Conselho Municipal de Saúde de Toledo emitiu uma nota de repúdio sobre a agressão sofrida pelo médico. Pediu ainda que os autores sejam identificados e punidos.

“Salientamos que o conselho repudia qualquer ato de violência e se tratando do atual momento de pandemia, a qual servidores atuam incansavelmente para salvar vidas aqui em Toledo, assim como no mundo todo, atos desse tipo apontam total desrespeito com o próximo e só trazem prejuízos a todos que estão na luta para que isto um dia vire apenas história.”

De acordo com o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), serão tomadas todas as providências cabíveis dentro das atribuições institucionais. O caso é de responsabilidade policial e o conselho acompanhará a tramitação do inquérito.

Pandemia no Paraná

O Paraná chegou ao total de 645.621 casos confirmados do novo coronavírus e 11.598 mortes, de acordo com o boletim divulgado nesta segunda-feira (1º) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

O levantamento da secretaria aponta que todas as cidades do estado possuem pelo menos um caso confirmado de coronavírus, sendo que em 384 há registro de morte.

Em Toledo, foram registrados 14.513 casos confirmados e 141 óbitos desde o início da pandemia, conforme a Sesa.

Considerando a divisão de leitos no estado em cada uma das macrorregiões, a macrorregião Oeste – que representa as regiões de cidades como Cascavel, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Toledo e Pato Branco – tem a maior taxa de ocupação: 97%.


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