Sábado, 04 de maio de 2024



Motoristas reclamam das condições das estradas de Rondônia

Maior parte das estradas que corta o Estado de Rondônia está sem sinalização, expõe os motoristas  ouvidos pela reportagem do Diário

Uma pesquisa divulgada mês passado pela Confederação  Nacional do Transporte (CNT), dá conta que o estado de conservação e trafegabilidade de maior parte das estradas que cortam o Estado de Rondônia é considerado regular. O Diário ouviu alguns motoristas que utilizam regularmente diversas rodovias que atravessam o Estado e a reclamação é a mesma: o que falta é sinalização nas estradas.
A pesquisa da CNT levou em consideração diversos fatores, como tipo de rodovia, condição das faixas centrais e laterais, visibilidade das placas, condição do asfalto e identificação de irregularidades, como buracos, trechos destruídos e falta de acostamento, fatores que contribuem para elevar o risco de acidentes nas rodovias. Além disso, a legibilidade das placas também foi avaliada. A extensão total da rodovia que corta o estado de Rondônia é de 1.695 quilômetros, destes, 944 (55,8%) quilômetros são consideradores regulares, 535 (32,7%) são bons, 93 quilômetros (5,5%) são ruins, 72 (4,2%) são considerados péssimos e 31 quilômetros (1,8) são trechos considerados ótimos, mediante o resultado da pesquisa.

Rota heróica

Morador de Porto Velho, Sebastião Batista da Silva, 46, é motorista há 18 anos. Ele cumpre uma rota que pode ser considerada heróica por muitos: enfrenta a BR-319 que liga Porto Velho a Humaitá (AM) e segue pela Transamazônica até Jacareacanga (PA), de maneira rotineira. “Não dá para explicar o que é pior nessa estrada, que é praticamente abandonada. No período seco fica melhor, mas falta ponte”, relata. Sebastião conta que são oito dias de viagem, quatro na ida e quatro para voltar a Porto Velho, num percurso de 880 quilômetros. “Essa viagem poderia ser feita na metade desse tempo, se a estrada fosse boa”, diz.

Fora essa rota, Sebastião Batista conta que cumpriu há poucos dias, uma viagem até Ariquemes, na BR-364, sentido Cuiabá, e neste trecho sentiu a ausência de sinalização. “À noite choveu e fiquei sem visibilidade, totalmente perdido na estrada. Precisei parar num posto em Itapuã do Oeste e esperar a chuva passar. É importante atenção dos órgãos quanto à sinalização da estrada”, observa.

Francisco reclama da falta de olho de gato nas estradas

Traçado das rodovias

Celson Correia Passos, 45 é motorista há 25 anos. Com todo esse tempo percorrendo as estradas, conhece seguramente o traçado das rodovias que cortam o Estado. Conhecedor do trecho que envolve, também a BR-364, Celson Passos garante que para o trecho de Porto Velho até Vilhena o que falta é sinalização. “De maneira geral a BR-364 não é ruim, mas se sinalizar, fica melhor”, garante.
Francisco Marques da Silva, 45, percorre as estradas brasileiras há 27 anos e enfrentou a rota que liga o Rio Grande do Sul a Rondônia pela primeira vez essa semana. Também concorda que falta sinalização, especialmente o que cita como ‘olho de gato’, tecnicamente chamado de catadióptrico, que tem a função de colaborar com a orientação devida ao motorista, pois permite a indicação dos limites da rodovia durante viagens noturnas.

Segundo Fabiano Cunha, superintendente regional do Dnit nos estados de Rondônia e Acre, em relação à deficiência na sinalização nas rodovias, apontada no relatório e evidenciada pelos motoristas, a situação está sendo resolvida com a execução do projeto de sinalização do programa BR Legal.

Qual é a estrada péssima?

Pelos dados divulgados na pesquisa da CNT, dos 1.695 quilômetros de extensão da rodovia, 55,8% são trechos que oferecem condições regulares para transitar, 1,8% são ótimos e 4,2% são trechos péssimos. As rodovias analisadas foram: BR-174, BR-319, BR-364, BR-421, BR-425, BR-429 e BR-435.

De acordo com o Departamento Nancional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), são classificadas como ótimo ou bom o percurso das rodovias BR-319, BR-364, BR-421 e BR-429, como regular a BR-174 e BR-435 e como péssima a rodovia BR-425, que liga ao município de Guajará-Mirim. Segundo o órgão, um dos motivos é que essa rodovia foi castigada pela cheia histórica do rio Madeira.

Atualmente o motorista Celson Correia Passos dirige um ônibus na rota Porto Velho/Guajará-Mirim, exatamente a rodovia indicada como péssima até mesmo pelo Dnit. Celson Passos confirma e complementa: “Dirigir naquela estrada é terrível”, declara. “Os passageiros chegam a ficar cansados. Gastamos uma hora a mais do que gastaríamos se a estrada fosse boa. Tudo de ruim tem naquela estrada”, diz.
De acordo com Fabiano Cunha, quanto à qualidade do asfalto, está sendo executada restauração rodoviária da BR-364 no trecho de Vilhena até a divisa com o Acre. “Estão em execução três projetos de restauração e três de conservação e manutenção. A BR-425 está passando por execução de projeto de restauração rodoviária e todo o resto da malha rodoviária de Rondônia está sendo objeto de execução de projeto de conservação e manutenção”, declarou em nota, o superintendente.

A BR-425 foi considerada péssima pela pesquisa da CNT

Trechos caóticos na BR-364

O relatório apresenta como trecho caótico a área próxima ao município de Cacoal, mas segundo o Dnit, aquele trecho foi prejudicado por consequência da enchente histórica, que elevou o nível do rio que banha a cidade e alcançou a rodovia.

Erro no traçado

Conhecido dos motoristas que trafegam na BR-364 sentido Cuiabá, um trecho que chega a ser temido é também chamado de “curva da morte”, fica nas proximidades dos municípios de Ouro Preto do Oeste e Ji-Paraná, no qual os registros de acidentes de acumulam ao longo dos anos. De acordo com o (Dnit), o índice de acidentes relacionado a este trecho diz respeito especificamente ao traçado do terreno e que o departamento investe em sinalização no local, no entanto as curvas, estreitas, costumam surpreender os motoristas e induzem a acidentes.

Acidentes nas rodovias

Somente este ano, até o mês de julho, foram contabilizados 1.765 acidentes nas rodovias, de acordo com estatística da Polícia Rodoviária Federal (PRF). 1.048 pessoas tiveram ferimentos decorrentes destes acidentes, 345 tiveram ferimentos graves e 67 morreram este ano, numa das rodovias que cortam o estado de Rondônia.


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