Durante uma entrevista concedida a um programa de rádio de Porto Velho o prefeito Mauro Nazif (PSB) fez um relato de como têm sido os seus primeiros meses à frente do executivo municipal e de como tem enfrentado as críticas sobre a sua administração. Ele afirma ter ânimo e estar pronto para o trabalho e diz que seu entusiasmo atual é o de quem gosta de trabalhar, não o de quem gosta de falar, falar e falar.
Para o prefeito a maior dificuldade está no fato de ter que trabalhar com a coisa pública após anos dentro de um modelo administrativo e tentar logo no início dar nova ênfase às atividades a serem realizadas. “Por exemplo, quem até hoje teve a coragem de quebrar o monopólio dos transportes públicos? Teve alguém que teve a coragem? Só nesse período, foram mais de 50 ônibus apreendidos. Quem teve a coragem de enfrentar a empresa de lixo, que antes arrecadava mais de R$ 2 milhões por mês e hoje esse valor é de R$ 1,1 milhão. Isso é trabalho, enfrentar e quebrar paradigmas. Foi assim no Legislativo, quando acabamos com a aposentadoria dos deputados estaduais, quando estive brigando pela transposição dos servidores, na luta pela reintegração dos demitidos”, elencou Nazif.
Sobre a empresa que presta serviço de coleta e destinação de resíduos sólidos para a Prefeitura de Porto Velho, Marquise, Mauro Nazif denunciou que era cobrado por um Ecoporto, que não existe. Era pago um aterro sanitário, que não existe. Ele garantiu ainda que todas as informações referentes aos processos, estão à disposição da população, no portal da prefeitura, na internet.
Questionado sobre a forma como a cidade foi repassada pelo antigo gestor, o petista Roberto Sobrinho e sobre a possibilidade de ter havido algum acordo o Nazif foi taxativo. “Acordo, que acordo? Não tenho nada de acordo com o PT e nem com Roberto Sobrinho. De forma alguma, isso é uma mentira. A única vez que falei com o ex-prefeito Roberto Sobrinho foi antes das eleições, quando a única coisa que ele me falou é que eu não ganharia”, desabafou.
Sobre denúncias de esquemas dentro da Secretaria Municipal de Saúde, feitas pelo vereador Sid Orleans, o prefeito argumentou ter mantido um conversa com o parlamentar municipal, na qual pediu que ele apontasse os nomes dos supostos envolvidos nesse esquema de corrupção.
Mauro Nazif assegurou ainda ter recebido a cidade com 46 obras paradas, com recomendações de Ministério Público, de Tribunal de Contas e muito mais. “Estamos abrindo auditagem em todas as obras. Por exemplo, no bairro JK temos recursos para asfaltar quase o bairro todo, mas temos impedimentos legais, ainda. Igual o viaduto. Pela primeira vez, o general Jorge Fraxe, que comanda o Dnit, admitiu que o órgão federal é o responsável pelas obras”, delatou Mauro.
De acordo com as afirmações feitas por Nazif durante a entrevista o executivo municipal vai responsabilizar os envolvidos em práticas ilícitas, fraudulentas ou irresponsáveis. Ele garante também que não há uma resposta para o remanescente das obras, que está sendo aguardada pela prefeitura. “Não tem o remanescente, que seria o raio-x da obra. Não temos informações sobre o que foi feito, o que falta ser feito, o que precisa ser feito, o que foi pago, o que não foi pago. Não basta apenas ter o convênio, mas sim ter a segurança e a garantia”, alertou o chefe do executivo municipal.
Sobre algumas promessas de campanha como o combate imediato aos alagamentos e solução para a questão fundiária Mauro Nazif garantiu que o combate às alagações começou, mas alegou que não é possível fazer tudo de imediato. Conforme relato do prefeito o trabalho começou e não tem hora para terminar. “Temos obras nos bairros Areal, Castanheiras, 04 de Janeiro e outros bairros. Junto com o Sipam, estamos fazendo um mapeamento dos pontos onde ocasionam alagações na cidade, um trabalho realizado pela primeira vez na cidade”, disse.
Sobre a relação turbulenta com a Câmara de Vereadores de Porto Velho, Mauro criticou a postura de alguns parlamentares e defendeu sua conduta alegando compromissos mais urgentes que visitas ao parlamento municipal. “Eu tenho trabalhado e isso me basta. Eu recebo a todos que me procuram. Eu tenho muitos problemas, tenho que ir à Brasília, tendo que tirar Porto Velho de Cadin e de outros órgãos de controle. Não tenho como ficar indo à Câmara e procurar vereador”, reagiu.
O líder do Executivo Municipal foi ainda mais adiante em seu desabafo e afirmou: “Não sei. Quando dizem que vão pedir impeachment, por qual motivo? Me diga um motivo? Por não ter recebido um vereador?” argumentou.
Nazif fez questão de confirmar sua boa relação com os vereadores e lembrou que não tem tempo para visitas constantes à Casa de Leis e lembrou da existência de situações anteriores a sua administração e que estão sendo resolvidas agora. “Não vou ficar chorando, nem lamentando. Agora! Na administração anterior, aconteceram tantas coisas feias e ninguém pediu impeachment. Eu não tenho o hábito de crescer em cima das costas de ninguém”, explanou.
Mauro concluiu a entrevista com nova promessa. “Reconheço que a cidade está às escuras, mas até o final do ano, a capital vai estar cem por cento iluminada. As coisas feias que foram feitas nos impediam de repassarmos convênios. Resolvemos isso e a Emdur vai trabalhar e muito”, finalizou.