Quarta-feira, 01 de maio de 2024



Perdão – Por Ronan Almeida

O significado mais importante da palavra perdão, na minha visão, significa “aceitar o erro”’. Sinceramente, não é fácil, principalmente quando o caso envolve pessoa que exerce um dos cargos mais elevados da Igreja Católica. Trata-se, pois, da situação envolvendo o bispo da Diocese de São José do Rio Preto (SP), Dom Tomé, que, na última sexta-feira, foi flagrado cometendo atos obscenos com uma segunda pessoa, essa desconhecida, até o presente momento.

Assisto as missas, quando posso, transmitidas pela Rede Vida de Televisão, diretamente se seu santuário, localizado na mesma cidade da sede desta importante emissora voltada ao público católico, especialmente. Dom Tomé celebrava uma vez por mês e os seus sermões (pregações) são de pura riqueza, conhecimento de doutrinas propagadas pelo nosso pai, Jesus Cristo, responsável, juntamente, com o Paulo de Tarso, pela criação dos cristões. Aliás, essa palavra (cristão) foi dita, pela primeira vez, nas comunidades periféricas à Jerusalém, de modo especial à de Corinto, nos anos de 70, após a morte de Jesus Cristo.

O que faz uma alta autoridade da Igreja Católica, com dezenas de anos vivendo 24 horas, dentro de uma das principais dioceses brasileiras, a cometer ilicitude voltada à questão sexual? Outra indagação, sem sombra de dúvida, é o fato de se usar as redes sociais para se comunicar através de atos sexuais, sabendo que não existe privacidade em matéria tecnológica ligada ao uso do aparelho celular? Talvez a pergunta mais forte sobre o caso em comento é querer saber os motivos que levaram o líder máximo da Diocese de São José do Rio Preto a praticar gestos sexuais com outro homem, fato esse que parece ser inacreditável para uma pessoa com formação privilegiada que, se soubesse usar, não teria passado por essa situação que vai se tornar muito cara ao bispo já mencionado.

O líder máximo do catolicismo, Papa Francisco, já tomou a primeira iniciativa, que foi de “aceitar” a renúncia de Dom Tomé à frente da Diocese de São José do Rio Preto. Porém, se essa atitude “resolvesse” o caso, seria ótimo, pois ficarão as sequelas pela frente. Quem não comunga com a ideia da Igreja Católica, a primeira afirmação dos opositores, é que haverá afastamento de fiéis e, consequentemente, diminuição de pessoas que “praticam” o catolicismo, com um passo a ser ultrapassado pelos mulçumanos, a segunda maior religião do mundo. Indagado sobre essa possibilidade, o Papa Francisco, disse, certa vez, que a Igreja Católica precisa de bons seguidores e não de grande número de gente que professa a fé católica. Boa resposta.

Digerir a situação, principalmente para aqueles que estão mais próximos do bispo “pecador”, não é uma missão fácil. Aliás, todas as ações dos católicos são complexas, porém merecedoras de acolhimento a uma profunda reforma de pensamento sobre as mudanças de hábitos e costumes. Paulo de Tarso, como de sempre, tinha resposta para tudo e todas muito inteligentes. Disse que não se arrependeu de nada, mesmo sendo considerado um dos maiores carniceiros e criminosos de cristãos. Para ele, a vida nova só foi possível convivendo com o “inferno”, o que lhe concedeu uma nova oportunidade de viver no céu. Se, pelo menos, a grande maioria da sociedade pensasse assim, não há dúvida, que poderemos colher resultados futuros muito nobres e ricos, que nos levarão à vida plena, ao lado de duas pessoas mais importantes, Deus e Jesus. Nossa meta é conseguir alcançar a salvação para viver ao lado dos criados e responsáveis à nossa salvação.

Sobre o fato envolvendo o bispo, não podemos aceitar que faça comentários malditos e imperfeitos contra a sua pessoa. O que devamos fazer, o Papa Francisco deu outra resposta salutar sobre o tema proposto: uma pessoa considerada gay tem os mesmos sinais de Deus para ser um bom pastor, um padre, um seminarista, pois o que faz uma pessoa ser honrada aos olhos de Cristo, não é a sua sexualidade e sim o seu caráter. Outra resposta oportuna que vi pelos meios de comunicação foi quando o atual prefeito de Curitiba, com “personalidade” de homem sexual, disse que governa com a cabeça e não com o cu.

A Bíblia condena atitudes de pessoas chamadas de “impuras”. As cartas de Paulo de Tarso são pura expressão de pensamento do maior seguidor de Jesus Cristo a respeito da sexualidade, ou seja, homem ter aptidão sexual por outro homem. Ocorre que as palavras foram escritas há mais de dois mil anos. A realidade de hoje não comporta essa acepção sobre feminidade e sexualidade. O reino de Deus só tem um caminho a ser buscado: ser um exemplo como cristão. Não importa se a pessoa gosta de outro homem. O mais relevante é que ele acolhe as palavras proféticas de Jesus e as coloca em prática. O restante é visão preconceituosa sobre a vida de um casal do mesmo sexo.

A vida tem dia que nos remete à reflexão que nos deixa inquieto com ações praticadas por líderes católicos. Sem sombra de dúvida, a maior delas é voltada caso envolvendo situação de pedofilia, que o Papa Francisco se tornou o precursor a manifestar, publicamente, contrário a essa prática dentro da Igreja Católica, motivo pelo qual vem sendo, seguidamente, perseguido pela ala ligada à direta. O que une os católicos é um gesto: acolhimento da pessoa que se envolve com esse tipo de atitude. Aceitar, como perdoar, é o mesmo que dizer fraternidade, respeitabilidade e carinho, sem falar do amor, o mais importante nesse momento de tristeza profunda diante de caso que, invariavelmente, tem ocorrido na Igreja Católica. Em suma, não se pode, jamais, o cristão ser acometido de “largar tudo” para mostrar sua indignação a erro grave, como esse de Dom Tomé. Continuar seguindo Jesus Cristo é a nossa meta, sempre e nunca pensar diferente. A luta está apenas começando. (Ronan Almeida de Araújo).


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