Quinta-feira, 25 de abril de 2024



Porto Velho chega aos 106 anos de fundação

Porto Velho projeta perspectivas maiores de desenvolvimento

Ao completar 106 anos de criação, Porto Velho desponta como município de oportunidades. Rica em minério, ampla em território e grande em esperança, a capital rondoniense cresce solidamente e desponta como uma das principais cidades da Região Norte.

O potencial econômico é grande com base em portos, agropecuária, indústrias, turismo, comércio e serviços. A hidrovia do rio Madeira é canal de exportação de grãos e outros produtos, ampliando os horizontes.

A Capital rondoniense é vista como lugar de oportunidades para investidores e carreiras / Foto: Roni carvalho

Primeira eleição ocorreu em 1916

Autoridades brasileira vistoriam o trecho da obra de construção da EFMM / Foto: Acervo do Museu Paulista da USP

Fundada pela empresa americana Madeira Mamoré Railway Company em 4 de julho de 1907, durante a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, somente em 2 de outubro de 1914 Porto Velho foi legalmente criada como um município do Amazonas, com área desmembrada do município de Humaitá. No dia 24 de dezembro de 1914, o Governador Jonathas de Freitas Pedrosa nomeou o Major Fernando Guapindaia de Souza Brejense como Superintendente (prefeito) do Município de Porto Velho, cuja instalação oficial aconteceu no dia 24 de Janeiro de 1915.

Com domínio americano na região, visto que o idioma e toda a documentação da EFMM eram em inglês, assim como o primeiro jornal da cidade, o The Porto Velho Time, tornava-se necessário uma divisão territorial para não haver conflito de poderes.

Com a criação do município de Porto Velho surge também o primeiro grande impasse. Com domínio americano na região, visto que o idioma e toda a documentação da EFMM eram em inglês, assim como também o primeiro jornal impresso na cidade foi em inglês, o The Porto Velho Time, tornava-se necessário uma divisão territorial para não haver conflito de poderes.

A cidade nasceu no início do século XX / Foto: Acervo do Museu Paulista da USP

Foi criada então a Rua Divisória, que era onde é atualmente a Avenida Presidente Dutra. Nela havia uma cerca dividindo a cidade em duas partes. Uma parte era domínio americano, visto que os americanos eram detentores da concessão da ferrovia e outra parte era domínio do município. O lado leste da Rua Divisória era administrado pelo superintendente do município e o lado oeste pelos diretores da EFMM.

Primeiro prefeito

A primeira eleição no município de Porto Velho só aconteceu em dezembro de 1916, quando foi eleito o médico Joaquim Augusto Tanajura. Este, por sua vez, assumiu o município no dia 1º

de janeiro de 1917 para uma gestão no período de 1917/1919. Joaquim Tanajura foi eleito novamente em 1922, para um segundo mandato no período de 1923/1925.
Foi no segundo mandato do Superintendente Joaquim Tanajura que o município adquiriu o imóvel na Rua José Bonifacio, na ladeira Comendador Centeno, para ser a nova sede do executivo municipal. Anteriormente a sede do município era em um antigo casarão de madeira próximo da atual sede central dos Correios e Telégrafos.

Destaque regional

Atualmente com uma população de 540 mil habitantes, Porto Velho é a cidade mais populosa de Rondônia e a quarta mais populosa da Região Norte, apenas atrás de Manaus, Belém e Ananindeua (Pará). Entre todas as cidades brasileiras, está entre as 50 mais populosas, figurando como a 21ª capital estadual do país com mais habitantes.

O município de Porto Velho se destaca também por ser o maior em área territorial, estendendo-se por pouco mais de 34 mil km² (sendo mais extenso que países como Bélgica e Israel), sendo também o mais populoso município fronteiriço do Brasil (e a única capital inserida nesse contexto), além de ser, ao lado de Rio Branco e Teresina, a única capital estadual que faz fronteira com municípios de outro estado. Em termos econômicos, a cidade detém o quarto maior PIB da Região Norte, depois de Manaus, Belém e Parauapebas, além de ser atualmente a capital estadual que mais cresce economicamente no país.

Centro histórico da cidade de Porto Velho / Foto: Acervo do Museu Paulista da USP

Complexo Portuário em Expansão

Em uma localização privilegiada Porto Velho escoa a produção de grãos do estado para o oceano, isso acontece devido a banhada pelo Rio Madeira um dos principais rios do Brasil e mais extenso afluente do Rio Amazonas. A posição do município faz com que o Complexo portuário da Capital movimente cerca de R$ 14 milhões em cargas sendo a maioria pelo Porto Público a Soph Sociedade de Portos e Hidrovias Estado de Rondônia.

Segundo o Diretor Presidente da Soph Fernando César Ramos Parente, o complexo portuário da Capital movimenta hoje cerca de 35% do granel sólido de Rondônia mesmo sem atingir a sua capacidade máxima. “Temos hoje um posicionamento ímpar na área de portos no âmbito da cidade de Porto Velho. Existe hoje um aumento da movimentação em decorrência do crescimento da colheita da soja. Mas de maneira geral o estado canaliza essa movimentação concentrando em alguns principais operadores que são portos reconhecidos pelos órgãos fiscalizadores”, disse.

O sistema de hidrovia tem custos menores, pois tem uma dinâmica mais apropriada para suportar produtos mais competitivos para vendas no exterior e também para movimentação interna. A movimentação hidroviária também tem um fator importante que é poder carregar mais quantidade em cada ciclo de movimentação. “Hoje nós temos saindo da nossa movimentação do granel sólido até 20 barcaças que vão direto para Manaus e dar sequência a sua expressiva movimentação. Com um volume maior e a redução de frete proporciona menor preço competitivo no mercado externo e isso tem sido buscado não só da Europa como da própria China que tem uma demanda cada vez mais crescente e isso nos permite ser mais competitivos no mercado”, disse.

Expansão das exportações e ampliação dos portos resulta em maior arrecadação de tributos para o estado

O Diretor explica que desde 2019 essa movimentação aumentou cerca de 12%. Segundo ele a Soph tem trabalhado para melhorar a logística dos equipamentos e favorecer com que a movimentação alcance a potência máxima que em 2019 passou de 2.300.000 toneladas sendo que a capacidade é de 5 milhões de toneladas. Também destaca que a estrutura vem sofrendo um desgaste com o tempo por falta de investimento e no momento o complexo portuário está em processo de retomada. “O estado de Rondônia ainda é carente de fornecer insumos para que os negócios tenham condições de crescimento consolidada.

Precisamos fornecer a possibilidade de movimentação que permita trazer outras áreas do estado que estão produzindo a possibilidade da distribuição de seus produtos. A função das hidrovias do estado é trazer essa sequência dos negócios de aumento da produção”, disse.

Ele aponta que a localização geográfica do porto é privilegiada e tem como atender a função social. “Tudo que gira através da movimentação portuária na cidade de Porto Velho retorna em impostos para o município. Então toda a movimentação de caminhoneiros e impostos que são pagos são fontes de renda na contribuição de cada operação que é executada aqui”, disse.

Fernando ressalta que o complexo portuário de Porto Velho e Rondônia tem condição de ser destaque a nível nacional. “Isso passa pela visão do empresariado que tem vindo frequentar o estado entendendo que através de alguns investimentos pontuais conseguiremos passar. Outra visão que temos sentido com o empresariado que é modificar a dinâmica da exportação e da importação tratando mais a vinda através do Pacífico e não através do Atlântico, muita movimentação pelo porto de Santos começa a deslumbrar a ideia de trazer isso para Porto Velho e estado, porque ele passa a ser um canal do Pacífico para dentro do país. Não só para exportação, mas também para entrada do mercado interno”, finaliza.

Fiero discute caminhos para o desenvolvimento

Estrategicamente localizada às margens do Rio Madeira, Porto Velho tem um potencial promissor como entreposto para escoar a produção do Estado através da via fluvial, e um importante corredor em se concretizando a recuperação da BR-319, que liga a capital rondoniense até Manaus (AM). A Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO), se mostra otimista dentro de uma perspectiva de crescimento local em razão desta particularidade da cidade.

Além disto, a conclusão da ponte de Abunã na BR-364, no sentido ao estado do Acre, proporcionará a saída da produção para os países andinos, mercado composto por mais de 100 milhões de consumidores de produtos de Rondônia.

E para debater assuntos ligados ao desenvolvimento não só de Porto Velho, mas do Estado de Rondônia e toda a região que compreende a Amazônia Legal, a FIERO em conjunto com a Prefeitura da Capital, através da Agência de Desenvolvimento de Porto Velho (ADPVH), promovem o Fórum Mundial Amazônia+21, evento que acontecerá nos dias 4, 5 e 6 de novembro, em formato virtual.

Indústrias querem ampliar negócios com países vizinhos / Foto: Roni Carvalho

Os encontros prévios já vêm ocorrendo desde agosto, e o último que aconteceu no dia 23 de setembro, discutiu os caminhos para incrementar a indústria, como a regularização fundiária, questões ligadas à logística, investimento no setor energético de telecomunicações e saneamento básico, justamente para atrair novos parceiros industrias e comerciais para a região.

Também já foram discutidas questões sobre financiamentos público e privado tanto de instituições nacionais (BNDES), como da união europeia e bancos americanos (Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID). No primeiro dia dos debates prévios, que ocorreu em agosto, apresentou as diversas possibilidades econômicas da região.

Agricultura é tendência de desenvolvimento na Capital

Em 106 anos a agricultura de Porto Velho se tornou diversificada na produção de alimentos. O município que era baseado em pecuária extensiva de corte tem tudo para ser a mais nova fronteira agrícola do estado. As grandes extensões de áreas abertas e planas, clima propício com alto volume de chuva se tornou ideal para produção de soja, que chegou a 20 mil hectares na safra passada. A safra do milho chegou a mais de 8.500 hectares de plantio, em seguida vem as produções de arroz e café.

Outro crescimento significativo é a produção da agricultura familiar com destaque na produtividade de açaí, banana, mandioca, inhame, leite e hortifrutis que oferecem o frescor das feiras. Porto Velho também é destaque como o maior rebanho bovino no estado de Rondônia e um dos grandes fornecedores para reposição.

O Secretário de Agricultura do estado Evandro Padovani explica sobre importância da produção de alimentos no município. “A produção do município de Porto Velho é bem diversificada. Antigamente era mais pecuária extensiva. Daqui para frente essas novas cadeias produtivas principalmente da soja vão ter um incremento muito grande. Nós temos uma hidrovia que oportuniza a exportação desses produtos então a tendência é aumentar mais o plantio. E onde existe agricultura em larga escala também aumenta o IDH do município”, disse.

Cultivo de grãos e gado em expansão / Foto: Jota Gomes

A produção em larga escala desenvolve nos municípios um pacote de tecnologia através dos vendedores de insumos. A abertura de empresas de maquinários agrícolas, tratores, colheitadeiras, implementos, autopeças e compra e venda de cereais oferece a população novas vagas de empregos.

O Secretário também destacou a dificuldade de produção no município, é a falta de regularização rural e urbana. “Sem título definitivo os produtores não podem ter acesso a crédito, não tem a segurança jurídica”, pontuou.

Padovani contou que o asfaltamento da rodovia BR-319 será uma grande oportunidade para os produtores da Capital para atender a demanda de verduras e frutas de Manaus que tem quase 3 milhões de habitantes.

“Eu vejo Porto Velho daqui há 10 anos podendo ultrapassar a região do Cone Sul na produção de grãos, tem áreas para isso, não precisa mais fazer desmatamento”, finalizou.

Economia de Porto Velho cresce com índice excelente

Economicamente o município de Porto Velho continua crescendo mais que o estado e o país. Nos últimos anos a Capital de Rondônia tem crescido uma média de 5% em termo de Produto Interno Bruto (PIB). A perspectivas do município tem melhorado com a dependência do comércio e serviços, principais setores de geração de empregos.

“Durante quase 10 anos Porto Velho foi a cidade que mais cresceu no país, entre as capitais nem se fala. O município cresceu por mais de 5 anos a taxa de 10% isso é muito”, disse o Professor de Economia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR-RO), Silvio Persivo.

Ele destaca que depois das Usinas teve a construção do Terminal da Amaggi que aumentou a capacidade para aumentar a exportação de soja com mais de 5 milhões de toneladas. “A cidade precisa consolidar ainda mais a sua função. O município faz a ligação entre Manaus e o resto do país, também abastece o Acre uma grande central de abastecimento que pode também se tornar uma central de abastecimento para a América do Sul, mas isso depende de investimentos”, disse.

Capital prevê injeção de R$ 32 bilhões em projetos de grandes projeção do processo de desenvolvimento / Foto: Roni Carvalho

O economista acredita no investimento de 950 Km de Ferrovia Porto Velho Sapezal no estado do Mato Grosso que é o centro de produção da soja. Também fala dos benefícios da construção da Ponte do Abunã. “Essa ponte é essencial porque ela consolida a ida terrestre para o Acre. Também está havendo um grande esforço do Governo Federal para terminar a BR-319, que será um corredor que vai sair do Pacífico para o Atlântico. Isso beneficia muito Porto Velho porque entorno da estrada tem mais de 100 mil pessoas que moram e produzem ser conseguir realizar escoamento e vão consumir mais coisas porque grande parte do Amazonas é produzir aqui”, disse.

Silvio Persivo também destaca que Rondônia precisa do alfandegamento do aeroporto de Porto Velho. “Com o alfandegamento de pessoas e cargas a possibilidade de fazer negócios com a Bolívia aumenta muito. Um empresário Peruano hoje, continua negociando com São Paulo porque é mais fácil ir para São Paulo do que vir para cá. Mas se a gente tiver um aeroporto internacional aqui ele vem em Porto Velho e negocia aqui porque fica mais barato’, disse.

Sobre o turismo o economista fala sobre a melhoria do aproveitamento das espécies de peixes da região e diz que o setor da pesca esportiva deveria ser mais incentivado. “Os investimentos das usinas foi de R$ 32 bilhões no município, na realidade a cidade atraiu mais de 120 mil pessoas e teve um crescimento excepcional. Com o fim das usinas houve uma acomodação embora a população continua olhando pelo retrovisor achando que a cidade está parada, mas não é verdade. Temos que observar que o Brasil está crescendo 2%, Rondônia está crescendo a 4% e Porto Velho está crescendo a 10%, isso é uma coisa imensa”, finalizou.

 

 

Por: Diário da Amazônia

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