Sábado, 27 de abril de 2024



Carlos Sperança: Dificilmente o senador eleito na jornada 2022 repetirá votações de 500 e 600 mil votos como já ocorreu

 

Destino manifesto
Se alguém gritar “pega ladrão”, não se sabe quantos vão sobrar. Mas com certeza alguns darão um jeitinho de se blindar e fugir à prisão. Outros nem temem mais as grades: muitos presos já estão soltos, reabilitados e se saindo bem, esquentando as
orelhas de juízes e promotores com fortes ataques.

Com a moralidade em baixa, áulicos e fiéis passando pano na corrupção dos amigos, se alguém gritar ou apenas sussurrar “governabilidade” estará invocando a presença, emendas e interesses do Centrão, que via Fundão Eleitoral e federações partidárias já projeta uma bancada tão poderosa no Congresso que poderá facilmente impor o parlamentarismo branco.

Quando o presidente Jair Bolsonaro, antes acusado de agredir a imprensa, asfixiar a Rede Globo e incentivar queimadas e desmatamento, clama por liberdade de imprensa, eleva as cotas publicitárias na gigante televisiva e declara que sua prioridade é combater o desmatamento não significa exatamente que mudou de ideia e migrou da extrema-direita para o liberalismo. Quer dizer que o Centrão está onde sempre quis: dando as cartas.

Se assim for, se o destino manifesto do Brasil é ficar sempre nas mãos do Centrão, não faz diferença quem será o próximo presidente da República. Ele fatalmente será refém do Centrão, federação praticada desde a Constituinte de 1987. Fica a resolver se é uma situação passageira ou maldição eterna.

Quadro indefinido
Tanto para as eleições em Rondônia quanto no plano nacional o cenário político é povoado de indefinições. No Estado, espera-se como ponto de partida uma definição quanto a candidatura do ex-governador Ivo Cassol (PP), ainda impedido da disputa com a inigibilidade do projeto Ficha Limpa. Disto depende até o número de postulações, se Cassol entrar na parada pelo menos uns dois candidatos vão desistir, alterando o panorama regional.

Na peleja nacional a estruturação das federações partidárias está empacada, mas o novo prazo de inscrições até 31 de maio proporciona a possibilidade de clarear o quadro tão nublado.

Para o Senado
A disputa pela única vaga ao Senado em Rondônia tem despertado grande interesse haja vista o elevado número de prováveis postulantes. Temos nesta parada nomes como o do ex-governador Valdir Raupp (MDB-Rolim de Moura), do ex-senador Expedito Junior (PSD-Rolim de Moura), Jayme Bagatolli (PL-Vilhena), ex-ministro Amir Lando (Porto Velho), ex-governador Daniel Pereira (Solidariedade-Cerejeiras), Vinicius Miguel (Cidadania -Porto Velho), Jaqueline Cassol (PP-Cacoal) e pode ser incluída nesta lista Leo Moraes (Podemos-Porto Velho) caso seu padrinho político Cassol se habilite na disputa ao governo estadual.

Figuras expressivas
Observem as figuras expressivas na peleja ao Senado em Rondônia. Dois ex-governadores (Raupp e Pereirinha), um ex-ministro, Amir Lando, um ex-senador, Expedito e ainda, lideranças emergentes no estado, como o deputado federal Leo Moraes e o empresário Jayme Bagatolli. Isto sinaliza uma fragmentação de votos terrível. Dificilmente o senador eleito na jornada 2022 repetirá votações tão elevadas de 500 a 600 mil votos como já ocorreu com Raupp, Cassol e Acir. O equilíbrio de forças também é interessante por causa da regionalização das candidaturas.

Nem pista
Na disputa pelo governo de Rondônia se vê o mandatário Marcos Rocha (União Brasil-Porto Velho) e o senador Confúcio Moura (MDB-Ariquemes) se mexendo. O senador Marcos Rogério (PL) está terrivelmente indefinido, tanto pode virar um secretário de governo como líder bolsonarista ao Senado. Meu palpite é que ficará fora da eleição rondoniense e ainda apoiando
o governador Marcos Rocha, optando por seguir uma carreira política nacional onde tem os holofotes. No governo de Rondônia estaria longe desta cobertura da grande imprensa.

Repetiria a opção de Amir Lando, que optou pelo Ministério da Previdência a disputar o governo de Rondônia quando estava em alta em decas passadas.

Fazendo as contas
Os atuais deputados federais que vão disputar a reeleição, casos de Mariana Carvalho (PSDB-Porto Velho), Expedito Neto (PSD Rolim de Moura), Chrisostomo (PL -Porto Velho), Mauro Nazif ( PSB-Porto Velho), Lucio Mosquini (MDB-Ouro Preto do Oeste) e Silvia Cristina (PDT-Ji-Paraná) estão seriamente preocupados com a formação de nominatas em seus partidos. Já se sabe que em alguns casos não será possível formações competitivas, por isto estão fazendo as contas para aproveitar a janela partidária em março e pular de banda. Tem casos complicadíssimos para a reeleição.

Via Direta
***O PSD do Amazonas, liderado pelo senador Omar Aziz defende a opção do partido se atrelar a candidatura de Lula desde o primeiro turno *** Com isto a postulação do presidenciável senador rondoniense de nascimento e mineiro de base eleitoral Rodrigo Pacheco acabará sendo rifada de vez pelo Diretório Nacional *** Neste balaio de gatos que se tornou a sucessão presidencial ninguém quer se comprometer. O PSDB de Rondônia nem fala de seu candidato ao Palácio do Planalto João Dória *** Muitos tucanos, na verdade, conspiram declaradamente contra Dória, já falando em anular a convenção nacional ***Em Rondônia a ex-prefeita de Ouro Preto do Oeste Rosária Helena deve disputar uma cadeira a Assembleia Legislativa no pleito de outubro *** O PDT está firmando uma chapa competitiva e pretende emplacar pelo menos dois deputados estaduais em 2022.

Sobre Carlos Sperança

Um dos maiores colunistas político do Estado de Rondônia. Foi presidente do Sinjor. Foi assessor de comunicação do governador José Bianco entre outros. Mantém uma coluna diária no jornal Diário da Amazônia.


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