Quinta-feira, 02 de maio de 2024



Governo deixa vencer R$ 243 mi em vacinas, testes e remédios

O Ministério da Saúde deixou vencer a validade de um estoque de medicamentos, vacinas, testes de diagnóstico e outros itens que, no total, são avaliados em mais de R$ 240 milhões. Todos os produtos, alguns dos quais estão em falta nos postos de saúde do país, devem ser incinerados.

São 3,7 milhões de itens que começaram a vencer há mais de três anos, a maioria durante a gestão de Jair Bolsonaro (sem partido). Eles estão no cemitério de insumos do SUS, em Guarulhos (SP), no centro de distribuição logística da pasta. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Todo o estoque é mantido em sigilo pelo ministério. A lista de produtos vencidos inclui, por exemplo, 820 mil canetas de insulina, suficientes para 235 mil pacientes com diabetes durante um mês, no valor de R$ 10 milhões.

Também foram perdidos frascos para aplicação de 12 milhões de vacinas para gripe, BCG, hepatite B (quase 6 milhões de doses), varicela, entre outras doenças, no momento em que despencam as taxas de cobertura vacinal no Brasil. Só esse lote é avaliado em R$ 50 milhões.

Os produtos vencidos também seriam destinados a pacientes do SUS com hepatite C, câncer, Parkinson, Alzheimer, tuberculose, doenças raras, esquizofrenia, artrite reumatoide, transplantados e problemas renais, entre outras situações.


Dados internos do governo mostram que devem ser incinerados mais de R$ 32 milhões em medicamentos comprados por ordem da Justiça. A maior parte desses fármacos é de alto custo e para tratamento de pacientes de doenças raras, uma bandeira do governo. Ao lado da primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro, o ministro Marcelo Queiroga (Saúde) lançou no último dia 31 a “Rarinha”, nova mascote do SUS.
O Ministério da Saúde também guarda cerca de R$ 345 mil em produtos perdidos dos programas de DST/Aids, principalmente testes de diagnóstico, além de R$ 620 mil em insumos para prevenção da malária.

No meio desse estoque, há um frasco-ampola de nusinersena, avaliado em R$ 160 mil, e 908 frascos de eculizumab, que custaram R$ 11,8 milhões. São medicamentos usados em dois dos tratamentos mais caros existentes.

O que diz o ministério

Procurada, a pasta da Saúde não explicou por que os produtos perderam a validade e qual o tamanho e valor do estoque que conseguiu repor nas negociações com fabricantes.

O ministério chefiado atualmente pelo médico Marcelo Queiroga também não apresentou dados da série histórica dos estoques nem disse qual valor paga para armazenar e descartar os insumos vencidos. (Metrópoles)


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