Esse é o tipo de notícia que detesto. Não escrevo sobre questão criminal, notadamente quando se trata de violência contra mulher, como é o dessa matéria. Porém, devido à minha aproximação com à pessoa do preso, Sabazinho, presidente da Associação dos Quilombolas, de Costa Marques, devo registrar o acontecimento, não para publicidade, mas pela linda história do local onde o infrator mora: uma simples comunidade de trabalhadores ligados ao movimento quilombola, a 06 km da cidade de Costa Marques, conhecida como Santa Fé, construída e idealizada pela Igreja Católica, da qual faço parte com muita devoção, respeito e respeito.
O Sabazinho foi preso no último dia 07/12/2020 porque agrediu sua esposa, da qual não mencionarei o seu nome. Não é a primeira vez que esse tipo de fato acontece. No ano passado, houve um entrevero envolvendo o casal, mas não mereceu a prisão, o que foi até positivo para o líder da comunidade, que é um cidadão muito pacato, simples, humilde, porém dependente do álcool, uma espécie de “febre” nessa região do Vale do Guaporé. Sobre a comunidade, ela foi erguida por uma pessoa chamada Carlos, que naquela época, era padre, hoje na cidade de Paris, França. Deixou o sacerdócio onde prestou um ótimo serviço pastoral ao povo da Diocese de Guajará-Mirim, conduzida pelo meu amigo Dom Benedito, um maranhense extremamente simpático, trabalhador e apaixonado pela região. O ex-padre Carlos foi irmão do bispo da diocese, Dom Vardier, que faleceu não tem mais do que uns três anos, foi quando Dom Benedito assumiu a titularidade da diocese, que o Município de Costa Marques faz parte.
À beira do Rio Guaporé, existem várias comunidades quilombolas, todas vivendo da produção da farinha de mandioca, uma das melhores do Brasil. A comunidade Santa Fé é composta por 40 famílias, alguns bolivianos que se misturaram com outros brasileiros, formando uma grande família. No distrito do Forte Príncipe da Beira, também existe uma comunidade quilombola, um pouco misturada com pessoas que não fazem parte dessa cultura de gente criada na região quando foi erguido o forte, há uns 400 anos, onde vieram vários negros da África para trabalhar na construção da maior construção arquitetônica nacional: o Forte Príncipe da Beira, hoje vigiada pelo Pelotão de Infantaria do Exército brasileiro, composto em torno de 80 policiais, quase todos do próprio município de Costa Marques.
O consumo de bebida em Costa Marques é considerado, em proporção, o maior do Estado de Rondônia, pois esse número é informado pelos próprios representantes de bebidas que atuam naquela localidade. Depois vem Guajará-Mirim e, posteriormente, Porto Velho. São três municípios rondonienses onde o consumo da bebida é considerado o maior. Além da bebida, logicamente, vem o consumo de drogas, devido à facilidade de aquisição no país vizinho, a Bolívia, o maior produtor do mundo, juntamente com Peru e Colômbia. A fronteira dividindo o Brasil com a Bolívia e considerada “seca”, ou seja, de fácil trânsito, o que só aumenta a comercialização da droga, como também do consumo no país, fazendo com que a violência tome rumos alarmantes, como temos visto atualmente, como por exemplo, um filho chegar matar a mãe por causa de R$ 5,00, apenas para comprar um pequeno envelope contendo droga, a maior tragédia nacional, que somente com a força da família, das autoridades como um todo, é possível conter o proliferação da traficância no Brasil. Caso contrário, seremos como os Estados Unidos: consumo de droga entre as famílias só aumenta com presença contumaz de grupo que intimida até mesmo a polícia mais preparada do mundo: a norte americana. Uma reflexão para que nossas famílias sejam guiadas por Deus, com o exemplo dos pais, numa só força a lutar, tenazmente, contra a proliferação de consumo de drogas tidas como ilícitas e também aquelas que não o são, como a bebida pelo álcool, por exemplo. (Jornalista Ronan Almeida de Araújo – DRT-RO-431-98).
