O nível do rio Madeira subiu do mês passado para este mês. A marcação no dia 1º de dezembro em 2015 foi de 5,45 metros e no dia primeiro de janeiro deste ano foi de 9,23 metros. Esse valor é considerado baixo, se comparado às médias registradas no mesmo período dos anos anteriores. A previsão é que a medida do rio se eleve, devido ao período chuvoso que vai até meados de abril, porém devido ao fenômeno do El Niño a expectativa é que as chuvas fiquem abaixo do esperado para essa época.
A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) Serviço Geológico do Brasil, informou que na transição de 2014 para 2015 a medição feita no rio Madeira variou 4,37 metros, e já este ano, de dezembro para janeiro, variou 3,78 metros. “Está bem abaixo da cheia histórica, esse é um dos anos mais baixos, está entre os 10% dos anos mais secos para essa época do ano”, afirmou Hércules Pessoa e Castro, engenheiro hidrólogo do CPRM.
O período chuvoso vai até abril, mas por causa do fenômeno do El Niño este ano tende a ser diferente, “provavelmente as chuvas serão menores que nos anos anteriores, o nível do rio está abaixo, só se houver muita chuva na bacia do Madeira, a previsão e a expectativa é que não se tenha cheia”, relatou o engenheiro. O rio Madeira está se comportando como um rio seco, embora ainda vá subir, “não tem como prever as chuvas dos próximos 3 meses, mas dificilmente serão grandes chuvas, que levem o rio a subir em nível de ter inundação”, concluiu Hércules.
O ano hidrológico iniciou em outubro do ano passado e termina em setembro deste ano “é quando o rio começa a subir, atinge o máximo dele até o nível mais baixo”, explicou Ana Strava, coordenadora de operações do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam). Ainda segundo ela, para cada dia do ano temos uma média, uma mínima e uma máxima do rio “a média para hoje, dia 8, é de 11,95 metros, a medida está em 9,23, conclusão estamos abaixo da média”, ressaltou.
Águas do Madeira vêm de outras bacias
Os principais contribuintes para aumentar ou diminuir a vazão do Madeira são as chuvas que acontecem nos rios Guaporé no Mato Grosso, Mamoré e Beni na Bolívia e Madre de Deus no Peru “são os quatro principais tributários do rio Madeira, se chover nestas bacias a gente recebe água aqui, se chover aqui esta água a gente manda lá pra baixo, Humaitá, Borba até chegar em Itacoatiara”, informou Ana.
O fato da bacia compreender uma área muita extensa é favorável no controle das cheias do rio “como a área é gigantesca, não consegue chover ao mesmo tempo em tudo, em 2014 aconteceu […] você vê que está prevendo que vai chover de forma geral na bacia toda, mas se comparar com a média está tudo na normalidade” conclui Ana. Há previsão de chuva forte nos próximos 7 dias na região do Madre de Deus, mas não é o suficiente para fazer o rio transbordar “essa é a interpretação: é chuva na normalidade, rio na normalidade”, ressaltou ela.
Neste período em que o nível tende a subir é possível que atinja na régua a medida de 16 metros “a expectativa é de ficar na média ou ligeiramente acima, pode variar de 15 a 16 metros e isso pode atingir alguns bairros” relatou Strava. A cidade possui problemas de organização urbana, por isso alguns locais são atingidos todos os anos “o rio sempre fez esse caminho por isso alguns bairros como o Nacional, Baixa União e São Sebastião são atingidos”, afirmou.
A Marinha tem como limite para navegação a medição em torno de 3,75 metros, “essa é a referência para a navegação noturna, acima disso não existe nenhuma restrição”, disse a coordenadora. O rio quando está num patamar muito baixo pode prejudicar a navegação, “de maio a setembro é o período de estiagem […] ano passado não teve problema com a navegação, porque mesmo quando entrou no alerta de vazante foi bem pouco, e já estava subindo”, analisou Ana.
