Sexta-feira, 03 de maio de 2024



Famílias pedem passe livre na balsa

O grande empecilho para a finalização da cabeceira da ponte do rio Madeira era a retirada dos moradores do lado direito da margem, que preferiram as casas do conjunto habitacional construído do outro lado do rio. No início deste mês, a empresa responsável pela construção das residências entregou o primeiro lote de residências. Porém, a grande reclamação dos moradores é a obrigação de ter que pagar na travessia na balsa para vir à Capital para trabalhar e depois pagar pela volta para casa, uma vez que a ponte não está finalizada.

De acordo com a presidente do bairro Balsa, Francisca de Queiroz Viana, por dia ela chega a desembolsar R$ 20, isso por que a travessia é de motocicleta. “Meu marido tem que me deixar no emprego, em seguida tem que voltar para pegar minha neta para deixar na escola, depois ele volta para casa e de tarde ele me busca novamente. Imagina todos os dias e agora multiplica pelo mês, faz muita falta esse dinheiro”, disse Francisca. O preço da travessia de moto é de R$ 5, se paga na ida não precisa pagar a volta, o valor para carros sabe para R$ 10, nesse caso é necessário o pagamento de ida e a volta.

A presidente do bairro Balsa afirmou que o Dnit se comprometeu em firmar convênio com a empresa responsável pela balsa para que os moradores tivessem direito a passagem gratuita. “O Dnit afirmou que iria conseguir esse acordo com a empresa, mas até o momento nada se concretizou. Estamos na espera desses bilhetes, precisamos de uma decisão, não pode ficar desse jeito”, relatou.

A construção da ponte sobre o rio Madeira foi iniciada em março de 2010 e, de acordo com o cronograma inicial, deveria ser concluída e entregue ainda no ano passado, mas em decorrência de uma série de problemas – entre eles a espera pela desapropriação das famílias do entorno da obra – deverá ser entregue em outubro, conforme informou o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Até então, esta era a única obra do PAC sem registros de atraso em Rondônia. O investimento é de aproximadamente R$ 276 milhões.

Moradores enfrentam travessia pela ponte 

A construção da ponte sobre o Madeira está com 97,17% das obras concluídas, de acordo com a empresa construtora, faltando apenas a instalação da rampa de acesso do lado da Capital. Para evitar o pagamento, muitos moradores preferem encarar 1,5 quilômetros por cima da ponte, até o lado de Porto Velho. É o caso do motorista Jailson Roque, que não concorda com o pagamento da travessia. Para ele o prejuízo é ainda maior, pois tem um carro e duas motos. “Acredito que nós temos que passar de graça. É um custo muito alto porque além de gastar R$ 20 só com a balsa, ainda temos que gastar com o almoço, são praticamente R$ 35 por dia”. Para reduzir as despesas ele conta que optou pela motocicleta, cujo custo da travessia é de R$ 5.

A moradora Elisabete Ferreira afirma que a prefeitura pediu aos moradores para deixar suas casas, no bairro Balsa, e seguirem para abrigos ou para o residencial, neste caso eles seriam obrigados a bancar a travessia para Capital. “Nós aceitamos em razão da situação que a gente se encontrava. Mas está fincando inviável ir e vir para o trabalho, na nossa casa são quatro carros. Imagina o custo por mês, queremos que a prefeitura ajude a resolver esse problema o quanto antes”, finalizou Elisabete.

Para a comerciante Eliana Ferreira, bancar a travessia está pesando no final do mês. “Sou obrigada a fazer umas quatro viagens por dia, nessa brincadeira são R$ 40. Se a gente somar por mês só para atravessar na balsa são R$ 1,2 mil”, concluiu.

Passe livre ainda em negociação

O superintendente Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Rondônia, Fabiano Cunha, explicou que em razão da enchente a mudança das famílias ocorreu em cima da hora, fora do prazo para a entrega do residencial todo pronto, marcado para final de junho. Sobre a passagem livre dos moradores na balsa, Fabiano pediu um pouco mais de paciência aos moradores e disse que o acordo está sendo firmado até a finalização da ponte.

Por outro lado, o gerente responsável pela balsa, Itamar Arind, disse que uma reunião entre a empresa e o Dnit será realizada em breve, no entanto adiantou que o pedido do Departamento é que a empresa libere os moradores de graça na travessia e esta proposta está descartada. “Daqui alguns dias vamos demitir cerca de 40 funcionários devido a finalização da cabeceira. Se o Dnit vir com proposta de liberar os moradores não vamos aceitar. Vamos sentar e decidir uma proposta boa para todos os lados. Se não ficamos no prejuízo”, finalizou.

Paulo dos Santos – Repórter do diário da Amazônia – Foto: Jota Gomes


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